A profissão docente é uma construção processual, compósita e

permanente, ocorrendo cotidianamente no exercício da prática (NÓVOA, 1992).

Portanto, torna-se de mister importância considerá-la em sua processualidade,

onde o ser/estar, se fazer/sendo professor seja encarado como bastante

complexo, dinâmico e plural, pois envolve diferentes saberes e fazeres, que são,

por sua vez, estruturantes e estruturadores da constituição do habitus professoral

(BOURDIEU, 1992; SILVA, 2005). Assim, buscou-se na presente pesquisa, ouvir e

dar voz a professores aposentados de Geografia, que atuaram em diferentes níveis

de ensino, colhendo narrativas e memórias de suas concepções, saberes e fazeres

no exercício da profissão. Para tanto, apoiados nos pressupostos teóricometodológicos da História Oral Temática (BOM MEIHY, 1996), colhemos narrativas

desses sujeitos, acerca de suas respectivas trajetórias formativas, na busca de

pistas e evidências dos esforços e movimentos que constituíram suas identidades

profissionais. A pesquisa nos revela que compreendendo a cultura/identidade

docente, que entrelaça trajetória pessoal e profissional, são referenciados os

modos pelos quais a identidade é tecida. Nesta construção, as dimensões social,

histórica e pedagógica lhe são inerentes. Revela também que nossas entrevistadas

possuem um sólido e considerável reservatório de saberes. Ele é propiciado por

suas vivências e experiências, que somados à maturidade profissional e reflexões

docentes na prática, com a prática e sobre a prática, constitui-se em ricas

possibilidades formativas. Portanto, olhar a internalidade de seus processos

educativos, materializada em suas memórias e narrativas, revelou-se como um

caminho possível para (res)significar a formação e a ação docente.