As ideias e pressuposições elaboradas por modelos cartesianos da cultura ocidental moderna se mostram insuficientes há um bom tempo para dar conta da complexidade humana, a qual passou a exigir concepções mais amplas, especialmente quanto às dinâmicas dos vínculos entre existências humanas e não humanas. 

Esta publicação busca apresentar os princípios essenciais da filosofia africana ubuntu, apontando sua visão sobre as ideias de humanidade, de relações e de fluxo da vida. A proposta é sinalizar os consensos e as distorções de sentidos sobre as definições/ traduções originais de ubuntu, de acordo com vários autores, por meio de um estudo bibliográfico e documental.

Os excessos de informação sobre ubuntu difundidas, nos últimos tempos, tem dificultado que o pensamento ubuntuístico flua para as pessoas em sua originalidade e coerência. Daí a necessidade de observar as distorções as quais, em sua maioria, deflagram um “efeito bumerangue”, de retorno às ideias modernas, como se ubuntu estivesse a serviço dessa lógica e não se opondo diametralmente a ela. 

A temática desta publicação acabou “nos escolhendo”, a partir de um chamado que se conecta com nossas raízes ancestrais, que foi nos tocando cada vez mais profundamente, de modo a realizar este trabalho para que mergulhos também possam ocorrer nos leitores e nas leitoras, com suas consequentes transformações humanas.