No presente texto, procurou-se

verificar o pressuposto de que as crianças, em

seus coletivos, criam e recriam representações

da cultura corporal por elas acessadas, através

de suas experiências socioculturais. Para tanto,

foi considerado o conceito de experiência no

sentido benjaminiano; tendo em vista o potencial

epistêmico de tudo aquilo que nos toca. Com

isso, objetivamos investigar as possíveis

relações entre experiência e a potência

criadora do brincar, como forma de significação,

trazida à tona durante a ação lúdica. Com isso,

pretendemos delinear as formas de articulação

e mobilização dos significados inerentes às

práticas corporais experimentadas pelas

crianças e seu modo peculiar de (re) significálos.

Discutiremos, também, como os discursos

que orientam as práticas de significação,

tencionam a produção cultural das crianças,

especificamente na escola. Desenvolvemos

investigativa qualitativa, de natureza etnográfica,

em espaço escolar institucionalizado, da rede

pública de Educação Infantil, da cidade Salto

(SP – Brasil); com crianças entre 4 e 5 anos,

matriculados na mesma turma, durante o 2ª

semestre de 2017. Os resultados apontam que

as crianças criam percursos narrativos gestuais

em suas brincadeiras, a medida em que os

significados passam a fazer sentido e passam

a constituir uma forma de saber experiencial.

O grande desafio passa a ser a construção

de um olhar docente sensível frente a tais (re)

criações; o que significa reconhecer, aceitar,

sensibilizar-se e, acima de tudo, permitir a livre

construção cultural deste patrimônio brincante

pelas crianças.