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EXPERIÊNCIA SUBJETIVA DE PACIENTES EM USO DE VARFARINA EM ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL

Introdução: Na prática da atenção farmacêutica, o profissional farmacêutico deve utilizar conhecimentos que incorporem a subjetividade dos pacientes e os significados que eles atribuem às suas condições e medicamentos. A varfarina apresenta ampla variabilidade dose-resposta e índice terapêutico estreito. Compreender a narrativa do paciente sobre sua experiência no uso desse medicamento assume grande importância, no sentido de direcionar intervenções centradas no paciente que possam facilitar o controle da anticoagulação e minimizar riscos de complicações. Objetivo: Compreender os aspectos relacionados à experiência subjetiva de pacientes em uso de varfarina em uma clínica de anticoagulação de um hospital universitário. Métodos: Estudo qualitativo que utilizou o método de análise de conteúdo proposto por Laurence Bardin, a partir de dados de entrevistas com dez pacientes acompanhados no ambulatório de anticoagulação oral, Borges da Costa no complexo do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG). Foram elegíveis ao estudo pacientes ≥18 anos, em uso de varfarina, acompanhados pelo ambulatório de anticoagulação do HC-UFMG e que aceitaram participar da pesquisa. As ligações tiveram duração média de 15 minutos, gravadas em um smartphone e transcritas na íntegra. A análise de conteúdo organiza-se em torno de três polos cronológicos: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. Resultados: Contou-se com 10 participantes com média de idade de 62 anos e 70% não concluíram a educação básica. Todos os pacientes possuem fibrilação atrial como indicação para anticoagulação e possuíam indicação de uso contínuo de anticoagulante. Foram identificadas 12 unidades de significado, que foram posteriormente rearranjadas em duas grandes categorias. 1. Varfarina e a ideia de restrições alimentares; 2. Implicações do tratamento anticoagulante na qualidade de vida. Discussão: Ao iniciar a terapia com varfarina os pacientes experienciam questionamentos, preocupações e necessidades relativas a esse tratamento. A ideia de mudanças na dieta devido a potenciais interações entre a varfarina e alimentos, associada aos impactos dessa terapia na qualidade de vida, são as pontuações mais contundentes e frequentes dos participantes. As mudanças nos hábitos alimentares promoveram experiências subjetivas importantes segundo os participantes, em primeiro lugar com caráter desafiador, no entanto, no decorrer do tratamento esse ponto torna-se algo a se habituar. Além disso, outros pontos foram ressaltados com veemência: a experiência de amigos e familiares que também faziam uso da varfarina, aprendizado no contexto do acompanhamento ambulatorial, a autorresponsabilidade em face do tratamento e o impacto emocional gerado principalmente devido aos riscos tromboembólicos. Conclusão: Durante esse estudo, evidenciou-se que a experiência subjetiva com a varfarina é um fenômeno único e complexo, que impacta a tomada de decisão do paciente. Por meio do conhecimento dessas narrativas, é possível a elaboração de ferramentas que auxiliem no processo do cuidado integral. Através do conhecimento dos desafios e percepções dos pacientes, é possível a elaboração de oficinas educativas direcionadas às necessidades descobertas. Ademais, pode fornecer subsídios para confecção de instrumentos que incorporem de forma mais contundente, através de questões geradoras, a subjetividade dos pacientes. 

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EXPERIÊNCIA SUBJETIVA DE PACIENTES EM USO DE VARFARINA EM ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL

  • DOI: 10.22533/at.ed.39823240724

  • Palavras-chave: Pesquisa Qualitativa, atenção farmacêutica, varfarina, estratégias de saúde, interações medicamentosas

  • Keywords: Qualitative Research, pharmaceutical care, warfarin, health strategies, drug interactions.

  • Abstract:

    Introduction: In the practice of pharmaceutical care, pharmacists should use knowledge that incorporates the subjectivity of patients and the meanings they attribute to their conditions and medications. Warfarin has wide dose-response variability and a narrow therapeutic index. Understanding the patient's narrative about their experience using this medication is of great importance to guide patient-centered interventions that can facilitate anticoagulation control and minimize the risk of complications. Objective: To understand aspects related to the subjective experience of patients using warfarin in an anticoagulation clinic at a university hospital. Methods: Qualitative study that used the content analysis method proposed by Laurence Bardin, based on data from ten interviewed patients monitored at the oral anticoagulation outpatient clinic, Borges da Costa, at the Hospital das Clínicas complex at the Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG). Patients aged ≥18 years, using warfarin, followed by the anticoagulation outpatient clinic of HC-UFMG and who agreed to participate in the study were eligible for the study. Based on a semi-structured interview, with a flexible structure, the patients reported their experiences, sensations and feelings regarding the use of anticoagulants. The calls had an average duration of 15 minutes, recorded on a smartphone and transcribed in full. Content analysis was organized around three chronological poles: pre-analysis, material exploration and treatment of results, inference and interpretation. Results: There were 10 participants with a mean age of 62 years and 70% did not complete basic education. All patients had atrial fibrillation as an indication for anticoagulation and had an indication for continuous use of anticoagulants. Twelve units of meaning were identified, which were later rearranged into two large categories. 1. Warfarin and the idea of dietary restrictions; 2. Implications of anticoagulant treatment on quality of life. Discussion: When initiating therapy with warfarin, patients experience questions, concerns and needs related to this treatment. The idea of dietary changes due to potential interactions between warfarin and food, associated with the impacts of this therapy on quality of life, are the most striking and frequent scores of the participants. Changes in eating habits promoted important subjective experiences according to the participants, at first with a challenging character, however, during the treatment this point becomes something to get used to. In addition, other points were vehemently highlighted: the experience of friends and family who also used warfarin, learning in the context of outpatient follow-up, self-responsibility in the face of treatment and the emotional impact generated mainly due to thromboembolic risks. Conclusion: During this study, it became evident that the subjective experience with warfarin is a unique and complex phenomenon, which impacts the patient's decision-making. Through knowledge of these narratives, it is possible to develop tools that help in the process of comprehensive care. Through knowledge of the challenges and perceptions of patients, it is possible to develop educational workshops aimed at the discovered needs. In addition, it can provide subsidies for the creation of instruments that more forcefully incorporate, through generative questions, the subjectivity of patients.

  • Carolina Barbosa Ferreira
  • Maria Auxiliadora Parreiras Martins
  • Josiane Moreira da Costa
  • Marcus Fernando da Silva Praxedes
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