EXPERIÊNCIA E MARGINALIDADE NO ROMANCE “ELES ERAM MUITOS CAVALOS”, DE LUIZ RUFFATO
Aborda-se a tópica da marginalidade presente em eles eram muitos cavalos ([2001] 2005), de Luiz Ruffato, revelando as estratégias ficcionais que sugerem a perda da experiência na contemporaneidade, bem como o silenciamento dos sujeitos cujas vozes apenas são audíveis na/pela escrita literária. As personagens ruffatianas refletem as contradições e as inadequações histórico-sociais do mundo hodierno, o que produz a exclusão/alheamento não apenas social, mas principalmente de um entendimento acerca dos problemas existenciais cotidianos. Dessa forma, o trabalho concentra-se na suposição de que o homem tem se afastado cada vez mais daquilo que o torna humano e, assim, perde a capacidade de verter suas experiências em linguagem. A assertiva tem ressonância no estudo de Schøllhammer (2011) segundo o qual existe uma demanda de realismo na literatura brasileira contemporânea que, por sua vez, explica-se pelo fato de que a literatura vive o desafio de encontrar uma estratégia de expressar a realidade que não seja àquela criada pelos meios de comunicação para expor o indivíduo aos acontecimentos cotidianos. Outras pesquisas (DE MARCHIS, 2016; OLIVEIRA, 2007) são trazidas à baila com a pretensão de mostrar como essa pluralidade de vozes silenciadas na grande metrópole, São Paulo, simboliza a decadência da modernização que foi imposta pelas elites que dominam o país. Sem ao menos impetrar uma busca pelo conhecimento, Ruffato parece sugerir que as suas personagens encenam o parasitismo da população brasileira frente à miséria e à corrupção da nossa sociedade, tendo em vista a perda de experiências e da própria condição humana a que foram submetidas.
EXPERIÊNCIA E MARGINALIDADE NO ROMANCE “ELES ERAM MUITOS CAVALOS”, DE LUIZ RUFFATO
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DOI: 10.22533/at.ed.8852120127
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Palavras-chave: eles eram muitos cavalos. Marginalidade. Experiência. Silenciamento.
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Keywords: eles eram muitos cavalos. Marginality. Experience. Silencing.
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Abstract:
The marginality presents in eles eram muitos cavalos ([2001] 2005), by Luiz Ruffato, brings out fictional strategies that suggest the loss of experience in contemporaneity, as well as the silencing of subjects whose voices are only audible in/through literary writing. Luiz Ruffato's characters reflect the historical-social contradictions of contemporaneity, which produces not only social exclusion, but mainly an understanding of everyday problems. Thus, the work focuses on the hypothesis that man has moved away from what makes him human and, thus, loses the ability to transform his experiences into language. According to Schøllhammer (2011), there is a demand for realism in contemporary Brazilian literature that shows how literature faces the challenge of finding a strategy to express reality that is not the one created by the media. Other researches (DE MARCHIS, 2016; OLIVEIRA, 2007) show how this plurality of silenced voices in the metropolis, São Paulo, symbolizes the decadence of modernization that was imposed by the ruling elites in the country. Ruffato believes that his characters show the parasitism of the Brazilian population in the face of poverty and social corruption, as well as the loss of experiences and the human condition.
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Número de páginas: 15
- Gislei Martins de Souza Oliveira
