Execução penal no Brasil e Direitos Humanos: uma relação antagônica na práxis
As ciências criminais hodierna
acometeram-se com movimento de lei e ordem,
com o decorrer das décadas, e o avanço da
Globalização. Neste contexto ganha força a
ideologia da defesa social e, por conseguinte,
a punitivista. Essas se mostram pautadas
em discursos de ódio, bem como a influência
midiática. Isso é bem demonstrado na obra
“Populismo Penal Midiático”, de Luiz F. Gomes,
que é uma das bases deste trabalho. Essa
perspectiva na seara penal gera implicações
dantescas na efetivação dos Direitos Humanos
e Fundamentais assegurados em diversos
tratados internacionais e na carta constitucional
brasileira de 1998. Um dos maiores exemplos
disso é a marginalização do princípio da
dignidade humana, o que é bem notório pela
atual situação carcerária brasileira, como
demonstram diversas obras, dentre elas:
“Presos que menstruam” de Nana Queiroz, e
“Autoritarismo e Sistema Penal” de Christiano
F. Fragoso. E tal realidade solapa um dos
principais instrumentos que, em tese, deveria
garantir os princípios penais, bem como os
Direitos Humanos, dentro do sistema carcerário,
que é a Execução Penal. Essa passou a ser
marginalizada pelo simples fato de ter a obrigação
de garantir o mínimo para um cumprimento de
pena digno (que mesmo assim já é nefasto, para
os abolicionistas). E tal marginalização acabou
por resultar em uma execução que, diferente
do que prevê a lei, constrói os moldes de um
campo de concentração, seja pela brutalidade,
como deixa claro a obra “Sistema Prisional”
de Rogério Greco, e na seletividade, como
demonstra “Criminologia do Preconceito” de
Salo de Carvalho e Evandro P. Duarte. Assim,
é notável como a execução penal hodierna
deixa de lado a dignidade humana para se
focar no punitivismo exacerbado, tendo como
principal marca um rastro de mortos (Demonstrado em “A palavra dos Mortos” de
Eugênio R. Zaffaroni), sobre os quais a culpa recai em cada indivíduo que ignora tal
situação. É necessária assim, uma medida imediata para concretização da execução
penal como prevista em lei, tendo como principal base uma aplicação crítica e
garantista da mesma, como Rodrigo Roig demonstra em sua obra “Execução Penal:
Teoria Crítica”. Logo, é necessário desconstruir tal ideal punitivista que modifica e
restringe a execução, e principalmente, reverter o grande número de vítimas dentro
do sistema carcerário geradas por tal modificação. E para concepção de tal trabalho,
é necessário adotar uma bibliografia extensa, que demonstram desde a realidade
carcerária brasileira à concepção e formação do ideal punitivista, bem como os traços
inquisitoriais do processo penal brasileiro. Com tal bibliografia, tem-se a necessidade
de aplicar o método dialético, para construir as devidas críticas e apontar as falhas no
sistema. Isso corroborado com o uso de dados e pesquisas de entidades vinculadas
e/ou pesquisadoras do sistema carcerário brasileiro, bem como suas consequências
(Como os observatórios regionais de Direitos Humanos, Pastoral Carcerária, dentre
outros). Assim, a discussão da bibliografia alia-se a realidade dos dados construindo
uma crítica consolidada, que busca uma alternativa para a atual marginalização da
dignidade humana, e o consequente desvio de função da execução penal.
Execução penal no Brasil e Direitos Humanos: uma relação antagônica na práxis
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DOI: 10.22533/at.ed.6571911036
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Palavras-chave: execução penal; direitos humanos; Estado Democrático de Direito; populismo punitivo.
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Keywords: Atena
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Abstract:
Atena
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Número de páginas: 15
- Gustavo Assis de Souza
- Gabriel Pereira de Carvalho