EU, NÓS E O OUTRO: experiências com acadêmicos indígenas na universidade
O presente artigo apresenta experiências vividas na universidade com acadêmicos indígenas no espaço da graduação e pós-graduação. Amparados em literaturas que aproximam os pesquisadores, ainda em formação, com os povos indígenas, o artigo parte de reflexões realizadas no grupo de pesquisa Educação Intercultural e Povos tradicionais/CNPq vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Católica Dom Bosco/UCDB, tem como objetivo relatar os atravessamentos, afetamentos e as desconstruções que ocorreram durante o processo de formação no curso de graduação em História e no PPGE/UCDB, em meio aos estranhamentos causados pelo convívio com os estudantes indígenas. Com uma metodologia voltada a observação participante, o texto procura apresentar os fatos ocorridos com os acadêmicos indígenas, principalmente aqueles relacionados ao preconceito, protagonismo, autoria e representatividade, bem como as construções de conhecimento sobre a História e a identidade indígena. Nesse sentido, consideram que os acadêmicos indígenas que circulam pela UCDB compreendem muitas etnias, vários estados do Brasil. São corpos diferentes que transitam, afetam, falam, incomodam mesmo em silencio. Não são só transitantes no espaço universitário, seus corpos falam, e como falam. Nos ensinaram mesmo quando não respondiam a uma pergunta por fazer parte de um sagrado de sua cultura, ou quando não interrompiam a fala de alguém, ou quando falavam na terceira pessoa, no coletivo, sempre se referiam a seu povo, estavam ali não pelo “eu” mas, pelo “nós”, não pelo “meu”, mas pelo “nosso”. Desta forma, desempenharam um papel fundamental na desconstrução de mentalidade e conhecimentos dos autores, estes construídos a partir de um currículo escolar e cultural monocultural/neoliberal. Afetamentos se não se dão somente nos diálogos com colegas indígenas, mas do contato com a pesquisa e por meio dela, mas também na leitura de escritos produzidos por esses “outros” indígenas, significativamente os atravessam e que, até então provoca um processo contínuo de construção-desconstrução para uma formação sensível e inter/multicultural.
EU, NÓS E O OUTRO: experiências com acadêmicos indígenas na universidade
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DOI: 10.22533/at.ed.7422207026
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Palavras-chave: Indígenas. Atravessamentos. Afetamentos. Desconstruções.
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Keywords: Indigenous. Crossings. Affectations. Deconstructions.
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Abstract:
This article presents experiences lived at the university with indigenous academics in the undergraduate and graduate level. Supported in literatures that bring together researchers, still in training, with indigenous peoples, the article starts from reflections carried out in the research group Intercultural Education and Traditional Peoples/Cnpq linked to the Post-programUndergraduate in Education of the Catholic University Don Bosco/UCDB, aims to report the crossings, affects and deconstructions that occurred during the training process in the undergraduate course in History and PPGE/UCDB, in the midst of the estrangements caused by living with indigenous students. With a methodology focused on participant observation, the text seeks to present the facts that occurred with indigenous scholars, especially those related to prejudice, protagonism, authorship and representativeness, as well as the constructions of knowledge about the History and the indigenous identity. In this sense, they consider that indigenous academics who circulate through the UCDB comprise many ethnicities, several states of Brazil. They are different bodies that move, affect, talk, even bother in silence. Not only are they transient in the university space, their bodies talk, and how they talk. They taught us even when they did not answer a question because they were part of a sacred culture, or when they did not interrupt someone’s speech, or when they spoke in the third person, in the collective, they always referred to their people, they were there not by "me" but by "us", not by "man", but for "ours". In this way, they played a fundamental role in deconstructing the authors' mentality and knowledge, constructed from a monocultural/neoliberal school and cultural curriculum. Effects if they occur not only in dialogues with indigenous colleagues, but in contact with the research and through it, but also in the reading of writings produced by these indigenous "others", significantly cross them and that until then provokes a continuous process of construction-deconstruction for a sensitive and inter/multicultural formation.
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Número de páginas: 12
- Daniele Gonçalves Colman
- Carlos Magno Naglis Vieira
- Gustavo