Ética da responsabilidade, pós-humanismo e CTS (Ciência Tecnologia e Sociedade)
O enquadramento do ser humano como homo faber, aquele que age para transformar o mundo ao seu redor, já não é suficiente para compreender a condição humana na atualidade, uma vez que a humanidade se torna objeto de sua própria técnica. Se um novo conceito de homem como objeto da intervenção técnica tem surgido, então o enfoque CTS (Ciência Tecnologia e Sociedade) tem muito a contribuir com a filosofia, especialmente com a antropologia filosófica. Sendo assim, também frente a questões éticas, essa colaboração pode ser muito profícua. Paradoxalmente, avanços da tecnociência têm sido acompanhados por retrocessos em termos ético-políticos, podendo mesmo ser vinculados a estes. O presente trabalho teve como objetivo discutir o modo como o desenvolvimento das tecnologias digitais e as interfaces entre o ser humano e as máquinas, num contexto de céleres modificações tecnológicas, alteram as condições do agir humano e, com isso, passam a exigir novas formulações éticas que possibilitem pautar a ação humana tanto frente aos seus semelhantes quanto perante às máquinas, sobretudo quando se considera que as fronteiras entre o corpo humano e máquinas tornam-se cada vez mais diluídas. Tomou-se como base da abordagem o conceito de hibridismo homem-máquina como elemento chave no discurso pós-humanista. Ao ser problematizada, do ponto de vista prático, a perspectiva pós-humanista exige ir além dos princípios éticos tradicionais. Assim tem-se feito cada vez mais reformulações éticas capazes de orientarem a humanidade nesses novos cenários. Este texto investigou, na obra de Hans Jonas, considerada uma das mais importantes reformulações da ética tradicional, aspectos que possibilitam a reflexão sobre como uma abordagem CTS que leve em conta a ética da responsabilidade permita investigar as condições de possibilidades e limites da integração ser humano-máquina.
Ética da responsabilidade, pós-humanismo e CTS (Ciência Tecnologia e Sociedade)
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DOI: 10.22533/at.ed.9902024112
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Palavras-chave: Ética da Responsabilidade. Pós-humanismo. Hibridismo
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Keywords: Ethics of Responsibility. Posthumanity. Hybridism.
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Abstract:
The framing of the human being as homo faber, the one who acts to transform the world around him, is no longer enough to understand the human condition today, since humanity becomes the object of its own technique. If a new concept of man as the object of technical intervention has emerged, then the CTS (Science Technology and Society) approach has much to contribute to philosophy, especially philosophical anthropology. However, also in the face of ethical issues, such collaboration can be very fruitful. Paradoxically, advances in technoscience have been accompanied by setbacks in ethical and political terms, and may even be linked to them. This paper aims to discuss how the development of digital technologies and the interfaces between human being and machines, in a context of rapid technological changes, change the conditions of human action and, thus, require new ethical formulations. enable human action to be guided both by its fellow men and by machines, especially when the boundaries between the human body and machines are becoming increasingly blurred. The basis of the approach was the concept of man-machine hybridity as a key element in posthumanist discourse. When problematized from a practical point of view, the posthumanist perspective requires going beyond traditional ethical principles. Thus there have been more and more ethical reformulations capable of guiding humanity in these new scenarios. This text investigated in Hans Jonas's work, considered one of the most important reformulations of traditional ethics, aspects that allow the reflection on how a CTS approach that takes into account the ethics of responsibility allows to investigate the conditions of possibilities and limits of human being integration machine.
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Número de páginas: 12
- Sidney Reinaldo da Silva
- Rogério Baptistella
- Kellen Smak