Cidades possuem uma natureza

extremamente uniforme com estruturas físicas

muito similares ao longo do mundo todo. Devido

às alterações drásticas e intensas causadas

pela urbanização e pelas características de seu

crescimento, a urbanização é considerada uma

das principais causas de extinção de espécies

nos dias de hoje, tendo como consequência

o empobrecimento biótico causado pela

homogeneização biológica. Sendo assim,

estudar a biodiversidade nas cidades é um

passo importante para propor mudanças e

soluções que envolvam a melhoria da qualidade

de vida da população humana e dos serviços

ecossistêmicos que cidade pode oferecer. O

presente trabalho tem como objetivo analisar

a composição florística da flora urbana de

Nova Friburgo e sua similaridade com as floras

urbanas de outras cidades brasileiras, avaliar

as características das espécies utilizadas na

arborização urbana no Centro de Nova Friburgo

quanto a sua origem e ciclo de vida e propor

modificações e adequações na utilização de

espécies de acordo com as características

urbanizadas. A área de estudo delimitada

inicialmente foi a Avenida Presidente Costa e

Silva, iniciando próximo ao bairro Duas Pedras

até a Praça do Suspiro, percorrendo um total

de 2,03km em uma área de aproximadamente

6900m². Neste trajeto todos os indivíduos

arbóreos foram medidos quanto à altura, o

diâmetro acima do peito (DAP) e sua localização

geográfica foram anotados. Estes foram

identificados até o menor nível taxonômico

possível. Para cada indivíduo foi realizada uma

análise da condição aonde foram observados

a incidência de pragas e patologias (presença

de insetos e fungos, clorose e necrose foliar,

presença de ocos ou rachaduras no tronco)

e conflitos com estruturas urbanas tais como

fachadas de casas e prédios e com fiação e

postes. A análise da composição específica

também levou em consideração aspectos

tais como a sua origem (nativa ou exótica).

Foram amostrados 188 (cento e oitenta e oito)

indivíduos pertencentes a 28 (vinte e oito)

espécies botânicas, sendo que 1 (um) indivíduo não pode ser identificado devido ao

corte do mesmo. A espécie mais abundante, encontrada num total de 42 (quarenta e

dois) árvores, foi Anadenthera falcata (Benth.) Speg., pertencente à família Fabaceae,

árvore nativa brasileira. Outra espécie nativa encontrada em quantidade também

expressiva, no total de 22 (vinte e dois) indivíduos, foi Chorisia speciosa St.Hil. Foram

também encontrados espécies de pinheiro (Pinus sp.) e Cipreste (Ciprestes sp.), além

de frutíferas Psidium guajava L. (goiaba), espécie naturalizada, Mangifera indica L.

(manga), Persea americana Mill. (abacate) e Morus nigra L. (amora-negra), que são

espécies exóticas. A densidade do total de árvores foi de cerca de 0,41 árvores a cada

15m², valor abaixo do recomendado pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana,

a qual recomenda-se 1 (uma) árvore a cada 15m². Os problemas mais evidenciados

nas árvores foram a presença de clorose (41%) e a presença de cupins (34%) dos

indivíduos observados. Apenas 34% dos indivíduos continham ocos em seus caules,

e 96% apresentaram algum tipo de perturbação em suas folhas, como a presença de

perfurações, clorose, necrose e abrasão. Ressalta-se ainda, que 28% dos indivíduos

tem contato com fios em postes. No percurso estudado observa-se uma riqueza

pequena com baixa densidade de indivíduos e com presença de muitas espécies

exóticas. A realização de maior adensamento dos indivíduos arbóreos na avenida com

a utilização de um número maior de espécies nativas pode auxiliar na diminuição dos

problemas encontrados nas árvores da região, pois estas espécies poderiam estar

menos suscetíveis às pragas locais e, possivelmente, contribuiriam para a melhoria da

qualidade de vida da população local. Também se constatou a necessidade da melhor

adequação, em alguns trechos, visando à adequação de espécies que não interfiram

no funcionamento dos equipamentos urbanos locais.