Entre tradição e sobrevivência do trabalho do mar: dilemas geracionais das comunidades piscatórias portuguesas
Somos herdeiros de uma tradição marítima na qual o mar sempre ocupou um inegável espaço de identidade. No essencial, quer em termos de processos quer no atinente ao teor das relações de enquadramento socio-laboral, o trabalho nas pescas permanece ainda mal conhecido entre nós. O mesmo é válido para as comunidades humanas que vivem da pesca marítima as quais, perpassadas por mudanças globais, procuram ativamente alternativas à faina do mar e aos rendimentos da atividade da pesca. Contudo, na encruzilhada da modernização dos métodos e das frotas, dos constrangimentos dos mercados globalizados e da indefinição política para o setor, as comunidades piscatórias procuram sobreviver entre dilemas que o dia-a-dia lhes coloca. Mas estas comunidades constituídas secularmente, que têm no trabalho do mar o seu fundamento e, por vezes o seu único sustento, encontram-se hoje dilaceradas por profundos dilemas visto que se assiste a uma transformação dos sistemas organizacionais da atividade, da sua identidade e do funcionamento das próprias comunidades profissionais, nomeadamente, em virtude das mutações mercadológicas, ambientais e políticas. Nos moldes atuais, a atividade da pesca é dificilmente sustentável e o setor tornou-se repulsivo. Perante a fuga de efetivos, o envelhecimento profissional destas populações indica que a renovação dos recursos humanos pode estar comprometida. Em suma, trata-se de saber como é que os homens do mar lêem o futuro da sua profissão na continuidade geracional. Assim, procuraremos na presente comunicação dar conta da forma como as comunidades marítimas vivem os dilemas, paradoxos e contradições da sua situação de trabalho os quais definem em boa medida a sua condição de vida e de relação com o mundo.
Entre tradição e sobrevivência do trabalho do mar: dilemas geracionais das comunidades piscatórias portuguesas
-
DOI: 10.22533/at.ed.3892028102
-
Palavras-chave: Desafios ambientais, Trabalho na pesca, Gerações, sustentabilidade e envelhecimento profissional
-
Keywords: Environmental challenges, working in fishing, Generations, sustainability and professional aging
-
Abstract:
We are heirs of a maritime tradition in which the sea has always been an undeniable space identity. Essentially, both in terms of processes either as regards the content of socio-labor relations framework, work in fisheries remain poorly known among us. The same is true for human communities living marine fisheries which, crossed by global changes, actively seek alternatives to the drudgery of the sea and the income of the fishing activity. However, at the crossroads of modernizing methods and fleet, the constraints of globalized markets and political uncertainty for the industry, fishing communities seek to survive between dilemmas that the day-to-day puts them. But these communities constituted centuries, they have at work the sea its foundation and sometimes their only livelihood, are now torn apart by profound dilemmas as we are witnessing a transformation of organizational systems of activity, their identity and operation of own professional communities in particular because of marketing changes, environmental and political. In the current form, the fishing activity is hardly sustainable and the industry has become repulsive. Given the flight of effective, professional aging of these populations indicates that the renewal of human resources may be compromised. In short, it is to know how the sea men read the future of their profession in continuity generational. So, we will try in this Communication take account of how the men of the sea live the dilemmas, paradoxes and contradictions of their work situation which define in good measure their condition of life and relationship with the world.
-
Número de páginas: 18
- Licínio Manuel Vicente Tomás