Entre a Fé e os Conflitos: as faces da identidade cristã em Os Degraus do Paraíso, de Josué Montello
Josué Montello (1917 – 2006), autor
maranhense de intensa produção literária,
imortalizou-se sobremaneira por sua vasta e
rica obra, ao longo de sua extensa carreira.
Dentre os diversos romances que escreveu,
Os Degraus do Paraíso (1965) é tido como um
dos mais expressivos, uma vez que encerra em
seu bojo uma discussão profícua a respeito da
religião, do exercício da fé cristã e da tolerância
religiosa – ou ainda, da sua ausência – numa
narrativa de cunho extremamente psicológico e
social, em que cada tomada de decisão implica
diretamente consequências definitivas aos
personagens. A discussão presente no enredo
traz à lume um embate entre duas correntes
religiosas cristãs no Maranhão: o catolicismo –
de profundas raízes na sociedade maranhense,
consolidadas ainda no período colonial – e o
protestantismo – corrente cristã estabelecida
no país a partir do final do século XIX, divulgada
e professada por missionários europeus. A
discussão em torno da fé e da identidade religiosa
promovida pela obra nos revela um solo fértil,
em que germinam disputas ideológicas em torno
da “validade” ou da “veracidade” das formas de
culto cristãs praticadas pelos personagens de
Montello, que se identificam com determinada
corrente religiosa, necessariamente, opondo-se
às demais. Nesse sentido, objetivamos analisar,
nos escritos montellianos, como se manifestam
as identidades católica e protestante; além do
consequente embate entre elas advindo das
diferenças identitárias de cada forma de culto.
Por fim, destacamos como se materializam
as correntes religiosas citadas na trama do
romance, ressaltando ainda as diferenças
identitárias presentes nos discursos dos
personagens.
Entre a Fé e os Conflitos: as faces da identidade cristã em Os Degraus do Paraíso, de Josué Montello
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DOI: 10.22533/at.ed.77419050627
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Palavras-chave: Identidade; Religião; Romance.
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Keywords: Identity; Religion; Novel.
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Abstract:
Josue Montello (1917-2006), an
author from the Brazilian state of Maranhão, of
intense literary production, immortalized himself
for his vast and rich work throughout his long
career. Among the many novels he wrote, Os
Degraus do Paraíso (1965) is considered one of
the most expressive, since it contains in his heart
a fruitful discussion about religion, the exercise
of Christian faith and religious tolerance - or, of
its absence - in an extremely psychological and
social narrative, in which each decision-making
directly implies definitive consequences to the
characters. The discussion in the plot brings
to light a clash between two Christian religious currents in Maranhão: Catholicism -
deeply rooted in Maranhaean society, still consolidated in the colonial period - and
Protestantism - a Christian current established in the country from the end of the 19th
century, spread and professed by European missionaries. The discussion about faith
and religious identity promoted by the work reveals a fertile ground in which ideological
disputes arise around the “validity” or “truthfulness” of the Christian forms of worship
practiced by the characters of Montello, who identify with religious trend, necessarily,
opposing the others. In this sense, we aim to analyze, in the montellian writings, how
Catholic and Protestant identities manifest themselves; besides the consequent clash
between them arising from the identity differences of each form of worship. Finally, we
highlight how the religious currents mentioned in the plot of the novel materialize, also
highlighting the identity differences present in the speeches of the characters.
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Número de páginas: 15
- Paloma Veras Pereira
- Thiago Victor Araújo dos Santos Nogueira