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capa do ebook Ensinar e Aprender, duas faces de um mesmo processo: A formação do estudante de psicologia diante do acolhimento da mulher vítima de violência.

Ensinar e Aprender, duas faces de um mesmo processo: A formação do estudante de psicologia diante do acolhimento da mulher vítima de violência.

A violência constitui um dos maiores problemas da atualidade, impactando o sujeito em sua esfera biopsicossocial. É considerada um fenômeno multicausal, pois origina-se de diversos fatores e atinge todas as classes sociais, representando  atualmente um grave problema de saúde pública.

            Dentre as várias formas de violência, destaca-se a violência de gênero. Um tipo  de violência física ou psicológica exercida contra a pessoa ou grupo de pessoas sobre a base de seu gênero, impactando de forma negativa em sua identidade e no seu bem estar biopsicossocial.

            A violência de gênero apresenta-se em formas de opressão e crueldade nas relações entre homens e mulheres, estruturalmente construídas, reproduzidas cotidianamente. Suas várias formas de opressão, de dominação e crueldade incluem assassinatos, estupros, abusos físicos, sexuais e emocionais, prostituição forçada, mutilação genital, violência racial dentre outras. Os perpetradores costumam ser parceiros, familiares, conhecidos, estranhos ou agentes do estado (GOMES et al., 2005).

            De acordo com o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), de 1980 a 2013, o número de homicídios de mulheres no Brasil passou de 1.353 para 4.762, com aumento de 111,1% (WAISELFISZ, 2015). Em 2014, 13 mulheres foram assassinadas por dia no Brasil, e a taxa de  homicídios de mulheres apresentou crescimento de 11,6% entre 2004 e 2014 (IPEA, 2016).

Segundo Dahlberg e Krug (2002) embora seja difícil ter estimativas precisas, o custo da violência para o mundo se traduz em bilhões de dólares de despesas anuais com cuidados de saúde. O custo humano de dor e sofrimento, naturalmente, não pode ser calculado e é, na verdade, quase invisível. Desde a década de 1980, a área da saúde pública tem desempenhado um crescente papel positivo a esse respeito.  Em todos os níveis de atenção à saúde, os agravos à saúde, causados pela violência, são queixas frequentes, e raramente são reconhecidas e abordados como tal. Nos serviços de emergência, a violência conjugal é a maior causa de lesão corporal, porém, as dimensões que acompanham esse sofrimento marcado no corpo não são consideradas nas condutas médicas (Stark e Flitcraft, 1996).

 

            A preocupação com a formação em saúde tem impulsionado processos de mudanças curriculares na formação dos profissionais, propondo a formação de profissionais capazes de prestar atenção integral e humanizada às pessoas, tomando decisões baseadas na realidade dos sujeitos, nas suas vivências. (Feuerwerker, 2002). 

            O profissional de psicologia tem importante papel no acolhimento dessas vítimas, quando pensamos em saúde mental e violência de gênero temos que sensibilizar os profissionais para uma atuação integral, esse preparo deve ser iniciado na graduação, para que os egressos de psicologia possam atuar de forma ética e humanizada na relação que se estabelece entre violência de gênero e sofrimento psíquico.

            Pensar a formação do estudante de psicologia focado em um profissional humano, ético e acolhedor é refletir em uma formação que deve estar pautada em algo que irá muito além de um somatório de conhecimentos técnicos. Sua formação deve ser baseada na busca pela autonomia, essa poderá ser alcançada através de uma relação dialógica e libertadora com o professor, onde o aluno sai da posição passiva e é colocado em um lugar de sujeito crítico, reflexivo e problematizador. Pensando nessa perspectiva, iremos discutir a formação do profissional de psicologia baseada na perspectiva dialógica da educação de Paulo Freire.

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Ensinar e Aprender, duas faces de um mesmo processo: A formação do estudante de psicologia diante do acolhimento da mulher vítima de violência.

  • DOI: 10.22533/at.ed.4942003083

  • Palavras-chave: Violência contra mulher; Psicologia; Formação

  • Keywords: Violence against women; Psychology; Formation

  • Abstract:

    Violence is one of the biggest problems today, impacting the subject in his biopsychosocial sphere. It is considered a multicausal phenomenon, as it originates from several factors and affects all social classes, currently representing a serious public health problem.

    Among the various forms of violence, gender violence stands out. A type of physical or psychological violence against the person or group of people on the basis of their gender, negatively impacting their identity and their biopsychosocial well-being.

                Gender-based violence presents itself in forms of oppression and cruelty in the relations between men and women, structurally constructed, reproduced daily. Its various forms of oppression, domination and cruelty include murders, rapes, physical, sexual and emotional abuse, forced prostitution, genital mutilation, racial violence, among others. Perpetrators are usually partners, family members, acquaintances, strangers or agents of the state (GOMES et al., 2005).

                According to the Mortality Information System (SIM), from 1980 to 2013, the number of homicides of women in Brazil went from 1,353 to 4,762, with an increase of 111.1% (WAISELFISZ, 2015). In 2014, 13 women were murdered per day in Brazil, and the homicide rate for women increased by 11.6% between 2004 and 2014 (IPEA, 2016).

    According to Dahlberg and Krug (2002), although it is difficult to have accurate estimates, the cost of violence to the world translates into billions of dollars of annual health care expenses. The human cost of pain and suffering, of course, cannot be calculated and is, in fact, almost invisible. Since the 1980s, the area of ​​public health has played an increasing positive role in this regard. At all levels of health care, health problems caused by violence are frequent complaints, and are rarely recognized and addressed as such. In emergency services, conjugal violence is the major cause of bodily injury, however, the dimensions that accompany this marked suffering on the body are not considered in medical procedures (Stark and Flitcraft, 1996).

    The concern with health education has driven processes of curricular changes in the training of professionals, proposing the training of professionals capable of providing comprehensive and humanized care to people, making decisions based on the reality of the subjects, in their experiences. (Feuerwerker, 2002).

                The psychology professional has an important role in welcoming these victims, when we think about mental health and gender violence we have to sensitize the professionals to a full performance, this preparation must be initiated at graduation, so that the psychology graduates can act ethically and humanized in the relationship established between gender violence and psychological distress.

                Thinking about the formation of the psychology student focused on a human, ethical and welcoming professional is reflecting on a formation that must be based on something that will go far beyond a sum of technical knowledge. Their training must be based on the search for autonomy, this can be achieved through a dialogical and liberating relationship with the teacher, where the student leaves the passive position and is placed in a place of critical, reflective and problematic subject. Thinking about this perspective, we will discuss the formation of the psychology professional based on the dialogical perspective of education by Paulo Freire.

  • Número de páginas: 8

  • Marcos Teles do Nascimento
  • Indira Feitosa Siebra de Holanda
  • Marcus Cézar Belmino
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