Empresas privadas atuando no regime econômico internacional: possibilidades e limites
A presença das empresas privadas
é latente no desenvolvimento político moderno
e contemporâneo, e ainda assim, as principais
teorias de Relações Internacionais eclipsam a
sua relevância na política internacional. De fato,
mesmo após o aparente declínio da hegemonia
norte-americana na década de 1970, a máquina
estatal permanece como monopolizadora das
relações diplomáticas e das regulamentações
econômicas. Entretanto, a internacionalização
do capital e o gerenciamento transnacional
de empreendimentos é uma realidade – e
necessidade – econômica. Isso gera demanda
para estudos que privilegiam o status de “ator
internacional” das empresas multinacionais, ou
mesmo empresas de atuação doméstica, mas
portadoras de forte vulnerabilidade ao cenário
externo. O objetivo deste ensaio é qualificar,
com maior precisão, o poder das empresas e
suas coalizões nos processos de tomada de
decisão no regime econômico internacional.
É certo que existem limites legais para a
participação das empresas na negociação de
tratados econômicos bilaterais e multilaterais,
mas as mesmas ainda podem influenciar
as negociações, de forma indireta, através
de processos de disseminação de ideias e
organização de redes de contatos que podemos
chamar de ‘stakeholderism’, que é bem
ilustrado pelo Fórum Econômico Mundial. Após
revisão bibliográfica, serão elencados casos
em que o interesse empresarial não se chocou
com o estatal (como a diplomacia de negócios
das empresas multinacionais belgas na última
década e a presença da chinesa Huawei na
África) ou conseguiu derrubar interesses de
blocos diplomáticos ao “capturarem” a atenção
de um bloco antagonista, como na negociação
para a introdução da defesa de direitos autorais
no GATT.
Empresas privadas atuando no regime econômico internacional: possibilidades e limites
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DOI: 10.22533/at.ed.34619150112
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Palavras-chave: Empresas privadas multinacionais, Internacionalização do capital, Stakeholderism, Diplomacia de negócios
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Keywords: Multinational Private Companies, Internationalization of Capital, Stakeholderism, Business Diplomacy
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Abstract:
The presence of private companies
is latent in the modern and contemporary political
development, and yet the main International
Relations theories eclipse their relevance in
international politics. Indeed, even after the
apparent decline of the US hegemony in the
1970s, the state machine remains monopolist of diplomatic relations and economic regulation. However, the internationalization of
capital and the transnational management of enterprises is an economic reality - and
necessity. It generates demand for studies that favor the status of “international actor”
to multinational companies, or even domestic companies with strong vulnerability to
the external scenario. The purpose of this essay is to qualify, with greater precision,
the power of companies and their coalitions in decision-making processes in the
international economic regime. It is true that there are legal limits to the participation
of companies in the negotiation of bilateral and multilateral economic treaties, but they
can still indirectly influence negotiations through processes of idea dissemination and
organization of networks that we could call ‘stakeholderism’, which is well illustrated by
the World Economic Forum. After a bibliographical review, cases in which the corporate
interest has not clashed with the state’s (such as the business diplomacy of the Belgian
multinational companies in the last decade and the presence of the Chinese Huawei in
Africa) will be listed, or also when they managed to overthrow the interests of diplomatic
blocs by “capturing” the attention of an antagonistic one, as the GATT’s introduction of
copyright protection.
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Número de páginas: 15
- Leandro Terra Adriano