Nesta comunicação, pretende-se discutir aspectos da política intervencionista norte-americana. Com base em autores como Frédéric Gros, Michel Foucault e Tzvetan Todorov, de modo particular, pela mobilização de conceitos como “poder”, “saber”, “território” e “verdade”, discute-se o enunciado explorando a construção da justificativa da guerra, da espetacularização da história e da política (GREGOLIN, 2003), da politização da lei, do estrangeiro como sinônimo de barbárie. Apresentado o problema de investigação, faz-se uma discussão sobre a relação entre discurso, política, guerra e verdade. O objetivo é mostrar como os Estados Unidos da América tratam as outras nações, hierarquizando valorativamente os lugares de tal modo que separa os territórios entre civilizados e bárbaros, cabendo a solução para os problemas de violência ao sujeito exógeno. Em outros termos, enquanto os norte-americanos são civilizados e competentes, portadores de valores dignificantes, como, honestidade e civilização, os estrangeiros são bárbaros e incapazes, naturalizando-lhes, portanto, o crime e a selvageria. Aos primeiros cabe a missão de resgatar os segundos de sua condição anómala. Estudiosos como Todorov (2003, 2010), Gros (2009), Rodrigues (2004, 2012) e Amaral (2010) apoiam nossa compreensão dos “perigos” difundidos pelas mídias sobre regiões polêmicas devido aos conflitos entre “selvagens” e “civilizados”, guerra ao terror, narco-terrorismo. Vivemos situações que não podemos denominar estado de guerra autêntico nem estado de paz puro mas estado de violência (GROS, 2009). O clima político mundial é de conflito latente com intervenções pontuais em nome da segurança planetária. Segundo Herz (apud AMARAL, p.17), desde o final da Guerra Fria, a política de segurança norte-americana para a América Latina, especialmente para a tríplice fronteira Brasil/Argentina/Paraguai, se baseia na retórica da guerra e na militarização da política. A análise das condições de produção dos saberes em suas relações com os poderes permite uma análise enunciativa nos termos defendidos por Foucault, ou seja, histórica (2009, p. 124).