As arritmias atriais, especialmente a fibrilação atrial (FA), representam importante causa de morbimortalidade cardiovascular e sobrecarga aos sistemas de saúde. Além de fatores clássicos como idade e hipertensão, a poluição atmosférica tem sido reconhecida como possível fator desencadeante. Poluentes como o material particulado fino (PM2.5) e o dióxido de nitrogênio (NO₂) podem induzir inflamação sistêmica, estresse oxidativo e alterações autonômicas que favorecem o aparecimento de arritmias. O objetivo do estudo foi avaliar, por meio de revisão sistemática, a relação entre exposição à poluição atmosférica e incidência de arritmias atriais em adultos. A busca foi realizada nas bases PubMed, Embase, Scopus e Web of Science até junho de 2025, seguindo as diretrizes PRISMA. Foram incluídos estudos observacionais populacionais que analisaram diferentes poluentes (PM2.5, PM10, NO₂, O₃, SO₂ e CO). Após a triagem, 12 estudos preencheram os critérios de inclusão, totalizando mais de 6 milhões de participantes em coortes e séries temporais. Os resultados mostraram associação consistente entre poluição e risco aumentado de arritmias, principalmente FA. O PM2.5 esteve relacionado a um aumento de 12–25% no risco de fibrilação atrial, e o NO₂ apresentou efeito aditivo em áreas urbanas. A exposição aguda elevou o risco de arritmias em até 15% nas primeiras 48 horas após picos de poluição. O³, SO₂ e CO tiveram resultados menos consistentes. Conclui-se que a exposição à poluição atmosférica, especialmente ao PM2.5 e ao NO₂, está associada ao aumento do risco de arritmias atriais. Esses achados reforçam a necessidade de medidas de controle ambiental e de considerar fatores ambientais na prevenção cardiovascular.