EDUCAÇÃO AMBIENTAL É ASSUNTO DA ARTE EDUCAÇÃO
O senso comum coloca a educação ambiental na esfera das Ciências Naturais. Não por acaso, as aulas de Ciências são frequentemente citadas como responsáveis por passar tais conteúdos às crianças em formação. O fato de a natureza ser tema central nas atividades de educação ambiental não significa que as Ciências da Vida e da Terra devam ser os únicos temas abordados em atividades para alunos da educação básica. Pelo contrário: se o intuito for formar cidadãos mais críticos e conscientes de seu entorno, o aprendizado sobre “como a natureza funciona” deveria ser apenas parte do processo. A outra parte requer, sobretudo, uma reflexão sobre “como o ser humano funciona”: como cada ser em relação ao seu entorno opera, afeta e se desenvolve. Nesse sentido, educação ambiental também envolve refletir sobre como as pessoas se relacionam a partir de uma complexa teia de significados com o ambiente construído, com os artefatos, os comportamentos, com a memória, e com o entorno natural. Este artigo defende a ideia de que a arte-educação tem papel fundamental nas atividades de educação ambiental, tendo importância equivalente ao aprendizado sobre o funcionamento da natureza: se por um lado é inquestionável que os modos de vida contemporâneos nos afastaram de um saber de como a natureza funciona e que o resgate desse saber se mostra cada vez mais importante para a sobrevivência da espécie humana no planeta (o lado analítico, científico, questionador), por outro lado nota-se cada vez mais que a transmissão de um saber normativo e classificatório é insuficiente para que as atividades de educação ambiental atinjam os objetivos que propõem. Falta nelas os modos de conhecimento que as atividades artísticas oferecem com maestria: o reconhecimento de si e do outro, a capacidade de contemplação, de análise do hábito, de admiração. Falta o lado puramente sensível.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL É ASSUNTO DA ARTE EDUCAÇÃO
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DOI: 10.22533/at.ed.1912023098
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Palavras-chave: arte educação, educação ambiental, experiência estética
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Keywords: art education, environmental education, esthetic experience
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Abstract:
Common sense places environmental education in the sphere of Natural Sciences. It is not by chance that science classes are often cited as responsible for passing on such content to children. The fact that nature is a central theme in environmental education activities does not mean that Life and Earth Sciences should be the only topics addressed in activities for students of basic education. On the contrary: if the intention is to train more critical and aware citizens of their surroundings, learning about “how nature works” should be only part of the process. The other part requires, above all, a reflection on “how humans and society work”: how people operate and develop in relation to their surroundings. In this sense, environmental education also involves reflecting on how people create a complex web of meaning in relation to the built environment, to artifacts, behavior, memory, as well as with to natural environment. This article defends the idea that art education has a fundamental role in environmental education activities, having equivalent importance to learning about nature: if, on one hand, it is unquestionable that contemporary life has moved us away from knowing how nature works and that rescuing this type of knowledge proves to be increasingly important for the survival of humans on the planet, on the other hand it is noticed more and more that the transmission of knowledge from a normative and classificatory point of view is insufficient for environmental education activities to achieve the objectives they propose. They lack what artistic activities offer with mastery: the recognition of oneself and the other, the capacity for contemplation, analysis of habit, of admiration. What is missing is the purely sesitive side.
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Número de páginas: 15
- Karin Vecchiatti