Economia solidária: os que produzem e as que reproduzem
O presente artigo objetiva analisar
aspectos do processo de hierarquização e de
gendrificação das relações e do acesso aos
bens na Economia Solidária. Ainda que os
Empreendimentos Econômicos Solidários,
como chamados no Brasil, compartilhem de um
determinado conjunto de valores e de práticas
propostas como democráticas, é possível
perceber a estruturação de hierarquizações
quanto aos valores e à relevância dos
empreendimentos. Os maiores movimentam
maior volume de capital, impactando diretamente
a renda familiar. Além disso, os grupos de maior
porte acionam redes que podem ser convertidas
em benefícios de diversas ordens; os menores,
em geral informais, acumulam desvantagens
acentuadas pelos processos de invisibilização
do trabalho e da existência mesma desses
grupos. O volume de produção nos grandes
empreendimentos com consequente ganho de
capital e de posição de poder como recurso
valorizado e gerador de reconhecimentos
nas relações internas à economia não estão
acessíveis às mulheres. As hierarquizações das
atividades e o quadro de valores estabelecido
sobre elas expõem os limites no interior das
relações e práticas da Economia Solidária.
Estes aspectos levantam as incongruências no
tocante à manutenção das assimetrias de gênero
e nos leva a perguntar se o lugar ocupado pelos
Clubes de Troca, formados majoritariamente
por mulheres, estaria informado pelo olhar
gendrificado que invisibiliza e desqualifica o
trabalho feminino. Tal análise se processa a
partir de nossa convivência com grupos de troca
e de referências analíticas advindas do campo
das teorias feministas e de gênero, bem como
a partir das reflexões teóricas desenvolvidas
dentro dos próprios escritos a respeito da
Economia Solidária.
Economia solidária: os que produzem e as que reproduzem
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DOI: 10.22533/at.ed.9521903096
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Palavras-chave: Economia Solidária, Clube de Trocas, gendrificação, desigualdades.
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Keywords: Solidarity Economy, Exchange Club, gendrificação, inequalities.
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Abstract:
This paper aims to analyze the
aspects of hierarchy and relationships gender
process and access to means, the Exchange
Clubs. Although enterprises linked to the
Solidarity Economy share a certain set of
values and practices proposed as democratic,
it is possible to perceive the structure of
hierarchies as to the values and importance of
undertakings. The biggest move more capital,
directly impacting the family income. In addition, groups of larger networks trigger
which can be converted into benefits of various orders; smaller, generally informal,
pronounced disadvantages accumulate the invisibility of the work processes and the
existence of these same groups. The volume of production in large enterprises with
consequent capital gain position and power as a valued resource and recognition in the
domestic economy generating relations are not accessible to women. The hierarchies
of activities and the box set of values they expose the limits within relationships and
practices of Solidarity Economy. These aspects raise the inconsistencies regarding the
maintenance of gender differences and makes us wonder if the place occupied by the
Exchange Clubs, formed mostly by women, would be informed by gendrificado look
invisibiliza and disqualifies women’s work. This analysis proceeds from our coexistence
with exchange groups and analytical references coming from the field of feminist theory
and gender, as well as from theoretical considerations developed in the writings about
the Solidarity Economy own.
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Número de páginas: 15
- Marlene Tamanini
- Maria Izabel Machado