E QUANDO O MEDO NÃO É DE SER MANDADO EMBORA? UMA ANÁLISE DA GESTÃO DO/PELO MEDO EM UMA ORGANIZAÇÃO PÚBLICA
Com o objetivo de compreender
como as práticas de gestão do/pelo medo
são produzidas como efeitos das relações
de poder disciplinar em uma organização
pública, desenvolvemos esse trabalho tendo
em vista que os discursos e as práticas
sociais desempenham um importante papel
nos processos organizativos do cotidiano das
relações de trabalho. Nesse sentido, a partir
da perspectiva da gestão do medo, abordada
enquanto discurso e prática social, e sob o
arcabouço da teoria foucaultiana sobre as
relações de poder, nos debruçamos sobre a
função que o discurso do medo desempenha
em determinado contexto, sendo interpelado
por outros discursos e contribuindo para
valorização, retaliação ou perda de capital social
dentro da organização. Argumentamos que
as funções desempenhadas pelos discursos
têm o efeito do poder disciplinar, atuando na
normalização dos corpos e influenciando as
práticas cotidianas dos sujeitos em âmbito
organizacional. No decorrer da pesquisa a que
nos propomos foram realizadas entrevistas com
08 sujeitos que atuam em uma organização
pública. O referencial que deu suporte para as
nossas análises foram os estudos de Foucault
sobre o poder disciplinar, cujos instrumentos
identificados como recursos são: a vigilância
hierárquica, a sanção normalizadora e o exame
(FOUCAULT, 2013b). Concluímos que o medo
se faz presente nas organizações, influenciando
discursos, gestos e comportamentos de forma a
conformar os sujeitos em um continuum normalanormal. Como efeitos, atua na constituição
de sujeitos docilizados, despolitizados,
atravessados pelo discurso de carreira
profissional, sendo este consoante ao regime
de verdade do neoliberalismo e da aclamada
reforma do Estado
E QUANDO O MEDO NÃO É DE SER MANDADO EMBORA? UMA ANÁLISE DA GESTÃO DO/PELO MEDO EM UMA ORGANIZAÇÃO PÚBLICA
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DOI: 10.22533/at.ed.34619150113
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Palavras-chave: Medo. Poder Disciplinar. Gestão.
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Keywords: Fear. Disciplinary Power. Management.
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Abstract:
In order to understand how fear
management practices are produced as effects
of disciplinary power relationships in a public
organization, we have developed this work
in the light of the fact that social discourses
and practices play an important role in the
organizational processes of everyday life of labor
relations. In this sense, from the perspective of
fear management, addressed as a discourse
and social practice, and under the framework of the Foucauldian theory on power relations, we focus on the function that the discourse
of fear plays in a given context, being questioned by other discourses and contributing to
valorization, retaliation or loss of social capital within the organization. We argue that the
functions performed by the discourses have the effect of the disciplinary power, acting
in the normalization of the bodies and influencing the daily practices of the subjects
in organizational scope. In the course of our research, we interviewed eight subjects
who work in a public organization. Foucault’s studies on disciplinary power, whose
instruments identified as resources are hierarchical vigilance, normalizing sanction and
examination (FOUCAULT, 2013b), were the benchmarks for our analyzes. We conclude
that fear is present in organizations, influencing discourses, gestures and behaviors in
order to conform the subjects into a normal-abnormal continuum. As effects, it acts
in the constitution of docilized, depoliticized subjects, crossed by the professional
career discourse, being this consonant with the truth regime of neoliberalism and the
acclaimed state reform.
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Número de páginas: 15
- Paula Fernandes Furbino Bretas