Estima-se que cerca de um terço da população

mundial está infectada com o Mycobacterium

tuberculosis. A tuberculose é uma doença

grave, porém curável em praticamente 100%

dos casos novos, desde que obedecidos os

princípios da moderna quimioterapia. Porém,

é necessário ficar atento aos casos com

progressiva disseminação hematogênica,

semelhante a casos da era pré- antibiótica.

Enfatiza-se a associação com estados de

subnutrição e imunodepressão, a dificuldade na abordagem clínica e em pacientes

não necessariamente HIV positivos. Assim, relatamos um caso da forma miliar

generalizada da infecção tuberculosa, em homem de 67 anos não portador da síndrome

da imunodeficiência adquirida (SIDA), natural de Alagoas, acamado há cerca 10 de

anos com sequela de AVE, consciente e orientado, epilético em uso de Fenobarbital,

etilista e tabagista por 40 anos, em abstinência há 10 anos, seus familiares negam

HAS, diabetes ou dislipidemias. Apresentou crises convulsivas frequente nos últimos

dias, febre diária na última semana, que cedia com dipirona. Exibiu recusa alimentar,

e repentinamente apresentou dispneia, culminando com o óbito. Paciente foi

encaminhado ao SVO (serviço de verificação de óbito de Alagoas) onde foi encontrada

à necropsia os seguintes achados: derrame pleural à esquerda, inúmeros nódulos

em todo o parênquima pulmonar de aspecto granulomatoso na superfície de corte,

coração com VE diminuído, coronárias e aorta livres; abscesso em flexura intestinal

direita, presença de peritonite purulenta, apêndice aumentado de tamanho, baço com

aspecto granulomatoso na superfície de corte, fígado congesto, linfonodos abdominais

e periaórticos de aspecto caseoso; à microscopia foram encontradas granulomas com

presença de células gigantes tipo Langerhans e presença de necrose caseosa em

rim, baço, fígado e pulmões o que confere o diagnóstico de septicemia associado

à tuberculose miliar. O presente caso serve para ilustrar que, mesmo na ausência

de SIDA, uma intensa imunodepressão pode conduzir à disseminação miliar da

tuberculose, evoluindo para o óbito como geralmente ocorria no curso”galopante”

de infecções graves no início do século. Desta forma é necessário pensar no diagnóstico

de tuberculose pulmonar e extrapulmonar, especialmente em pacientes idosos e iniciar

a antibioticoterapia para diminuir a morbi/mortalidade por estaenfermidade.