Diário do hospício de Lima Barreto: cronotopo e romance
O Diário do hospício foi escrito por Afonso Henriques de Lima Barreto entre os meses de dezembro de 1919 e fevereiro de 1920, tempo em que esteve internado no Hospício Nacional de Alienados, em Praia Grande, no Rio de Janeiro, devido a problemas com alcoolismo. O registro íntimo, a princípio, servia como um diário, onde o autor escrevia suas impressões sobre o local e as pessoas que o circulavam, mas, aos poucos, começou a servir como base para Cemitério dos vivos, romance inacabado que o autor viria a escrever após seu período de internação, tendo como inspiração suas desventuras em manicômios. A medida em que o diário deixa de ser diário e passa a se tornar o texto que serviria como base para o livro que estava por vir, suas características começam a mudar. Mais do que o fato de ter originado Cemitério dos vivos, é possível encontrar características do romance no próprio Diário do hospício, ao investigar os elementos que possam comprovar que a obra pertence a tal gênero, tais como a relação entre autor versus personagens e as noções de cronotopo abordadas pelo teórico russo Mikhail Bakhtin. O exame desses elementos comprova a romancização do diário, mediante à modificação do texto, que vai, aos poucos, perdendo características de diário e adquirindo as características do gênero romance.
Diário do hospício de Lima Barreto: cronotopo e romance
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Palavras-chave: Lima Barreto. Diário do Hospício. Cronotopo. Romance. Registros.
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Keywords: Lima Barreto. Asylum’s journal. Chronotope. Romance. Records
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Abstract:
Asylum’s journal was written by Afonso Henriques de Lima Barreto between the months of December 1919 and February 1920, when he was hospitalized at the Hospício Nacional de Alienados, in Praia Grande, Rio de Janeiro, due to problems with alcoholism. The intimate record at first served as a personal journal, where the author wrote his impressions of the place and the people who circulated him, but gradually began to serve as the basis for Cemetery for living, an unfinished novel that the author would come to write after his period of hospitalization, inspired by his misadventures in asylums. As the journal ceases to be a journal and becomes the text that would serve as the basis for the book to come, its characteristics begin to change. More than the fact that it originated Cemitério dos vivos, it is possible to find elements of the romance in Asylum’s journal, by investigating elements that can prove that the work belongs to this genre, such as the relationship between author versus characters and notions of chronotope approached by the Russian theorist Mikhail Bakhtin. The examination of these elements proves the romancization of the journal, by changes in the text, which gradually loses journal characteristics and acquires the characteristics of the romance genre.
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Número de páginas: 15
- Michele Muliterno