DESAFIOS NA CALIBRAÇÃO DE ACTIVÍMETROS
A medicina nuclear é uma especialidade médica que emprega materiais radioativos para diagnosticar ou tratar doenças. Nestes procedimentos são empregados radiofármacos, que são compostos radioativos formados pela associação de um radionuclídeo (por exemplo: 99mTc, 68Ga, 123I) com compostos orgânicos. Eles se destinam para uso in vivo e são administrados por via intravenosa, oral ou inalatória. As propriedades do composto orgânico determinarão em que órgão ou tecido ocorrerá a concentração desse composto e, por conseguinte, o radionuclídeo. Os radiofármacos são empregados para acompanhar o funcionamento dos diversos órgãos e tecidos, assim como a avaliação de doenças nos ossos, além do diagnóstico de tumores. A radiação emitida pelo radionuclídeo incorporado ao radiofármaco é detectada por equipamentos externos ao paciente e, por intermédio de códigos computacionais, é fornecida uma imagem digital.
Na terapia, além do uso para tratamento do câncer, os radiofármacos são empregados para atenuar as dores ósseas, assim como para combater o hipertireoidismo. A quantidade de material radioativo administrada nos pacientes para fins terapêuticos é substancialmente superior à utilizada para fins de diagnóstico.
A avaliação da atividade radioativa presente no radiofármaco, antes do mesmo ser administrado, é um dos processos mais importantes para assegurar que o paciente receberá a dosagem (quantidade de material radioativo) correta prescrita pelo médico nuclear. No caso de diagnóstico, doses inferiores às prescritas poderão comprometer a qualidade da imagem ou ocasionar a repetição do exame, fato altamente indesejável, pois expõe o paciente a uma dose de radiação sem nenhum benefício associado, e quando superiores, submetem o paciente a uma quantidade de radiação também desnecessária. No caso de tratamentos, doses inferiores às prescritas poderão comprometer a eficácia do tratamento e, quando superiores, poderão provocar ou aumentar efeitos colaterais.
Devido a esses fatos, foi consagrada, internacionalmente, a prática de medir a atividade radioativa contida no radiofármaco antes de ser administrado no paciente. A Agência Internacional de Energia a Atômica (IAEA) recomenda que a exatidão das medições da atividade seja inferior a 5 % (IAEA, 2006).
No Brasil são realizados, anualmente, mais de um milhão de procedimentos de diagnóstico e cerca de trinta mil procedimentos terapêuticos. No país, existem 478 hospitais e clínicas que possuem Serviços de Medicina Nuclear (SMN) com instalações autorizadas (em maio 2021) pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Estes Serviços se encontram localizados nos diversos estados da federação, cerca de 70 % na região sul e sudeste.
No presente texto, os hospitais e clínicas que realizam procedimentos de medicina nuclear serão denominados, genericamente, de Serviços de Medicina Nuclear ou apenas SMN.
A CNEN (2013, 2020) denomina o instrumento utilizado nos Serviços de Medicina Nuclear para medir a atividade contida em um radiofármaco de “Medidor de Atividade”; a Associação Brasileira de Normas Técnica ABNT (2014), de “Calibrador de Radionuclídeo”; e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA (2008), (2009), de “Calibrador de Dose”. Estes dois últimos termos não são apropriados por duas razões: o instrumento não realiza uma calibração, mas a uma medição, além disso, na área das radiações ionizantes, o termo “dose” está relacionado ao conceito de “dose absorvida”. Embora o termo “Medidor de Atividade” não esteja errado, iremos denominar este instrumento de “Ativímetro”. Além de ser um termo mais conciso, o sufixo “metro”, do grego métron, transmite a ideia de medição, portanto, um instrumento que mede atividade. Na língua espanhola, é conhecido como Activímetro CIEMAT, (2003), e em francês como Activimètre LNHB. (2006).
Estima-se que exista, instalados em hospitais e clínicas, uma quantidade superior a 600 ativímetros. A CNEN exige que cada instalação possua, no mínimo, um ativímetro.
DESAFIOS NA CALIBRAÇÃO DE ACTIVÍMETROS
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Palavras-chave: -
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Abstract:
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Número de páginas: 13
- Paulo Cunha
- Carlos Eduardo Veloso de Almeida