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DEPRESSÃO PÓS-PARTO: IMPACTO NA SAÚDE MENTAL DAS MÃES E DOS FILHOS A LONGO PRAZO

INTRODUÇÃO: A depressão pós-parto é um transtorno que pode afetar a capacidade da mãe de cuidar do filho, bem como prejudicar a relação afetiva e a comunicação entre mãe e bebê. Estudos apontam que a DPP pode ter impactos no desenvolvimento psicológico e comportamental dos filhos. Apesar de ser um problema de saúde pública, há poucas evidências que se concentram nos impactos e consequências da DPP na saúde mental das mães e seus filhos a longo prazo. OBJETIVO: Descrever a partir de uma revisão de literatura, as principais repercussões da DPP na saúde mental das mães e dos filhos a longo prazo. MÉTODO: Trata-se de um estudo de revisão integrativa. Em que a pergunta norteadora é: Como é a relação mãe-filho durante o processo de crescimento e desenvolvimento após quebra de vínculo causado pela depressão? Os descritores utilizados foram: “depressão pós-parto”, “relação mãe-filho” e “saúde mental”. As buscas foram realizadas na biblioteca virtual de saúde, os critérios de inclusão foram artigos em espanhol e português dos últimos 10 anos. RESULTADOS: Foram encontrados 10 artigos, selecionados 07 com base nos critérios de inclusão. Os estudos mostram que a DPP, é capaz de afetar a cognição e desenvolvimento psicossocial infantil. Ademais, a rejeição materna influencia negativamente no vínculo, visto que a relação se dá por interesse, no qual a criança se interessa pela mãe, por vincular que ela seja a fonte da sua satisfação em relação às suas necessidades fisiológicas. CONCLUSÃO: A DPP é um importante problema de saúde pública que afeta a saúde mental das mães e dos filhos a longo prazo, podendo ter consequências na relação mãe-filho, incluindo a quebra do vínculo e a rejeição materna, que podem afetar negativamente o desenvolvimento e crescimento das crianças. É fundamental que a DPP seja identificada e tratada precocemente, para minimizar seus efeitos na saúde mental das mães e dos filhos.
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DEPRESSÃO PÓS-PARTO: IMPACTO NA SAÚDE MENTAL DAS MÃES E DOS FILHOS A LONGO PRAZO

  • DOI: 10.22533/at.ed.1942311124

  • Palavras-chave: Depressão Pós-parto; Relação mãe-filho; Saúde Menta

  • Keywords: Postpartum Depression; Mother-Child Relationship; Mental Health

  • Abstract: INTRODUÇÃO A depressão pós-parto (DPP) é um transtorno mental que pode afetar a capacidade da mãe de cuidar adequadamente do seu filho, bem como prejudicar a relação afetiva e a comunicação entre mãe e bebê. A DPP é uma condição que pode manifestar-se por meio de uma série de sintomas que incluem humor deprimido, perda de interesse por atividades anteriormente prazerosas, alterações no apetite e sono, cansaço excessivo, dificuldade de concentração, sentimentos de inutilidade e culpa, bem como ideação suicida (FRIZZO, et al. 2019).  Em consequência, a DPP pode afetar o desenvolvimento psicológico e comportamental dos filhos, uma vez que o comportamento das mães deprimidas pode influenciar negativamente esses aspectos. Isso significa que a DPP pode contribuir para o surgimento de desordens comportamentais, afetivas, cognitivas e sociais nos filhos, bem como distúrbios e maior incidência de diagnóstico psiquiátrico (STOBAUS, et al. 2018). Os manuais oficiais caracterizam o tempo para ocorrência de DPP de forma diferente. Para o CID 10, se caracteriza como depressão pós parto caso aconteça até 6 semanas após o parto, já a DSM-V, por outro lado, configura como DPP caso aconteça até quatro semanas após o parto (FRIZZO, et al. 2019).  Logo, essas informações contribuem para o norteamento da propedêutica clínica, na qual pode ser limitada uma vez que o tempo informado é curto. Nesse contexto, apesar de ser um problema de saúde pública de grande relevância, há poucas evidências que se concentram nos impactos e consequências da depressão pós-parto na saúde mental das mães e seus filhos a longo prazo. Neste viés, este estudo tem como objetivo fornecer uma revisão integrativa da literatura sobre as principais repercussões da depressão pós-parto na saúde mental das mães e dos filhos a longo prazo, a fim de contribuir para uma melhor compreensão dessa condição. OBJETIVO Descrever a partir de uma revisão de literatura, as principais repercussões da DPP na saúde mental das mães e dos filhos a longo prazo.  METODOLOGIA Este estudo seguiu as diretrizes propostas por Sousa, Silva e Carvalho (2010), que apresentou os conceitos gerais e as etapas para a elaboração de uma revisão integrativa. A criação da estratégia de busca foi baseada de acordo com a pergunta norteadora: Quais as repercussões ocasionadas pela depressão materna sobre o desenvolvimento infantil? conduzida pela estratégia PICo, cujo acrônimo representa: Paciente (P), Intervenção (I), Contexto (Co), útil em revisões não clínicas. A pesquisa foi realizada em três bases de dados, a saber: MEDLINE, LILACS, IBECS.  Foram considerados os descritores cadastrados no Mesh: “Depressão Pós-Parto” e “Relação Mãe-Filho” combinados entre si por meio dos operadores booleanos “AND” e “OR”. Foram considerados os seguintes critérios de inclusão para a leitura dos resumos e artigos completos: artigos em espanhol e português dos últimos 10 anos. De acordo com os descritores, foram encontrados 234 artigos, dos quais 225 foram excluídos, apenas 10 lidos, sendo destes, selecionado 7 conforme os critérios de elegibilidade. Um fluxograma foi criado para apresentação do processo de levantamento bibliográfico e a seleção dos artigos. Os dados obtidos foram condensados e organizados em quadros construídos especificamente para a revisão, sendo extraídas as seguintes informações: Autor/Qualis/Ano; Título; Objetivos; Resultados. RESULTADOS CRUZAMENTO DOS DESCRITORES BASE DE DADOS Nº DE ARTIGOS ENCONTRADOS Nº DE ARTIGOS SELECIONADOS DEPRESSÃO PÓS-PARTO AND RELAÇÃO MÃE-FILHO MEDLINE 1 0 LILACS 7 6 IBECS 0 0 SCIELO 2 1 Quadro 1. Seleção dos artigos de acordo com as bases de dados utilizadas AUTOR/ ANO TÍTULO     OBJETIVOS RESULTADOS 1. SILVA, A.G.T. et. al. 2020 Vínculo afetivo materno: Processo fundamental para o desenvolvimento infantil uma revisão de literatura Descrever quais são os fatores que influenciam na criação do vínculo materno e quais podem gerar atraso no desenvolvimento. Existência de fatores associados à criação do vínculo como o parto normal, aleitamento materno exclusivo. Assim como, a falta de cuidado dos pais e o aleitamento incorreto podem interferir no atraso do desenvolvimento. 2. BORRIES, D.V. et. al. 2020. Asociación entre síntomas depresivos de las madres y control metabólico en adolescentes con Diabetes Mellitus tipo 1. Evaluar la asociación entre síntomas depresivos maternos y control metabólico de adolescentes con DM1. Foram estudadas 86 mães e filhos-adolescentes. Estudos demonstraram que 25,6% das mães que apresentaram sintomas depressivos,apresentaram filhos com pior controle metabólico. 3. JUNIOR, R.J.; ROCHA, R. 2019. Anormalidades comportamentais no puerpério. Compreender as anormalidades comportamentais relacionadas ao puerpério. Evidenciou a importância do diálogo e esclarecimentos médicos prévios ao período pós-parto para a gestante, bem como rastreio da depressão pós-natal com ênfase no diagnóstico diferencial para evitar transtornos psíquicos futuros. 4. FRIZZO, G.B., et al. 2019. Coparentalidade no contexto de depressão pós-parto: um estudo qualitativo. Investigar coparentalidade no contexto de depressão pós-parto. Sintomas de depressão pós-parto apareceram associados à coparentalidade, principalmente por meio de pouco apoio e depreciação coparental. 5. STOBAUS, L.C.; BROCCHI, B.S.; BUSSAB, V.S.R. 2018. O comportamento materno e a depressão pós-parto no desenvolvimento prossocial em crianças de 36 meses de idade.  Verificar a influência da depressão pós-parto no comportamento materno no desenvolvimento da linguagem e comportamento prossocial de crianças de 3 anos de idade.  Dados apontam que fatores da depressão que influenciam o comportamento materno na relação com seu filho são sutis, pois as crianças apresentam desempenho linguístico dentro dos padrões esperados para a idade, verbalizam mais e usam mais gestos para se comunicar, exibiram mais objetos às suas mães e comentaram mais. As mães sem depressão explicam mais a seus filhos as razões e os motivos e seus filhos fornecem menos ajuda às suas mães demonstrados por meio de recusas e desafios.  6. BLINDA, V.; FIGUEROA-LEIGH, F.; OLHABERRY, M. 2019.  Baja calidad de interacción madre-hijo/a en lactantes en riesgo psicosocial se asocia con riesgo de retraso del desarrollo. Evaluar la asociación entre riesgo de retraso del desarrollo psicomotor (RDSM)con calidad de interacción madre-hijo/a, síntomas depresivos postparto y otros factores relacionados al cuidado y contexto, en lactantes sanos en riesgo psicosocial.  En lactantes sanos en riesgo psicosocial se asocian a mayor riesgo de RDSM una baja calidad interacción madre-hijo/a, LME < 6 meses y no involucramento del padre en el cuidado del hijo/a. 7. SILVA, P.B., et al. 2022. Transtornos mentais comuns na gravidez e sintoma depressivos pós-natais no estudo Mina-Brasil: ocorrência e fatores associados Investigar a ocorrência e os fatores associados a transtornos mentais comuns na gravidez e sintomas depressivos pós-parto, bem como a associação entre ambos na Amazônia Ocidental brasileira.  Foi descrito que o maior índice de transtornos mentais ocorre durante o segundo trimestre de gestação, consequentemente, desenvolvendo os sintomas depressivos nessa fase. Sendo assim, apresenta a importância do acompanhamento psicológico a partir do pré-natal.    Quadro 2. Descrição dos artigos incluídos na revisão integrativa. DISCUSSÃO Foram encontrados 10 artigos, sendo selecionados 07 com base nos critérios de inclusão. De acordo com o número de estudos encontrados, percebe-se a necessidade de mais pesquisas que abranjam essa temática. A literatura disponível sobre o impacto da DPP no vínculo mãe-bebê é baseada em pesquisas com métodos muito distintos, os quais oferecem resultados bastante heterogêneos e, por conseguinte, dificulta a exatidão em torno da união desses dados que comprovem um fator único de risco para a DPP. Ainda assim, é importante salientar que os estudos entram em consonância com aspectos relacionados ao estilo de vida materno durante a gestação, bem como o apoio coparental durante o período pós-natal. De modo geral, é sabido que o período pós-parto é de intensas alterações emocionais, caracterizando o que chama-se Baby Blues, “um curto espaço de tempo de emoções voláteis e intensa melancolia no pós-parto, sendo que o prazer de estar e interagir com pessoas ou atividades anteriormente agradáveis ficam diminuídas, bem como sentimentos de baixa autoeficácia, fragilidade, hiperemotividade, melancolia, não caracterizando o humor deprimido”. Esse intervalo torna-se propício para o agravamento e desenvolvimento de uma DPP, visto a suscetibilidade e vulnerabilidade psicológica da mãe, podendo causar um afastamento mãe-bebê e possível rejeição da criança, trazendo impactos na saúde emocional da mãe e no crescimento e desenvolvimento do bebê (AZAMBUJA, C.V. 2017).  Em suma, os estudos mostram que a DPP é capaz de afetar o crescimento, a cognição e o desenvolvimento psicossocial infantil. Sendo assim, é crucial que através do acolhimento pós-natal o bebê reconheça os estímulos e afetos demonstrados a ele por intermédio dos pais. Uma mãe diagnosticada com DPP não ambientaliza a criança conforme deveria, sendo, então, um ambiente desconhecido e não afetivo, influenciando negativamente seu desenvolvimento na primeira fase da vida (SANTOS, P.L.; SERRALHA, A.C. 2015). Ademais, a rejeição materna influencia negativamente no vínculo, visto que a relação se dá por interesse, no qual a criança se interessa pela mãe, por vincular que ela seja a fonte da sua satisfação em relação às suas necessidades fisiológicas. Esses resultados envolvem a importância de fornecer suporte adequado às mães com DPP para então promover o bem-estar e melhorar a complexa relação entre a saúde mental materna e o desenvolvimento infantil (AZAMBUJA, C.V. 2017).   CONCLUSÃO Pela observação dos aspectos analisados, reforça-se que a DPP traz inúmeras consequências negativas, tanto para o vínculo mãe-filho, como para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicossocial da criança a longo prazo. É necessário conscientizar as famílias acerca do assunto, com o intuito de fornecer apoio para as mães com DPP e com isso melhorar a relação mãe-filho e consequentemente o desenvolvimento infantil. Em suma, é essencial estudos adicionais para evidenciar o impacto da DPP. REFERÊNCIAS AZAMBUJA, C.V. 2017 Depressão pós-parto materna: Interação mãe-bebê e processamento de faces. PUC-RS - Programa de pós graduação em psicologia mestrado em psicologia 2017. BLINDA, V.; FIGUEROA-LEIGH, F.; OLHABERRY, M. Baja calidad de interacción madre-hijo/a en lactantes en riesgo psicosocial se asocia con riesgo de retraso del desarrollo. Rev. Chil. Pediatr. v. 90, n.3. 2019. BORRIES, D.V. et. al. Asociación entre síntomas depresivos de las madres y control metabólico en adolescentes con Diabetes Mellitus tipo 1. Rev. Chil. Pediatr. v. 91, n. 2, 2020. FRIZZO, G.B., et al. Coparentalidade no contexto de depressão pós-parto: um estudo qualitativo. Rev. Psico. USF. v.24. n. 1. p. 85-96. 2019 JUNIOR, R.J.; ROCHA, R. Anormalidades comportamentais no puerpério. Rev. FEMINA. v. 47. n. 3. 2019. SANTOS, L.P. SERRALHA C.A. Repercussões da depressão pós-parto no desenvolvimento infantil. Rev. Barbarói. p.05-26. 2015. SILVA, A.G.T. et. al. Vínculo afetivo materno: Processo fundamental para o desenvolvimento infantil uma revisão de literatura. Rev. Salustiva. v. 39, n.1. 2020. SILVA, P.B.,et al. Transtornos mentais comuns na gravidez e sintoma depressivos pós-natais no estudo Mina-Brasil: ocorrência e fatores associados. Rev. Saúde Pública. p. 56-83. 2022. SOUZA, M.T.; SILVA, M.D.; CARVALHO, R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein. 2010; 8(1 Pt 1):102-6. STOBAUS, L.C.; BROCCHI, B.S.; BUSSAB, V.S.R. O comportamento materno e a depressão pós-parto no desenvolvimento prossocial em crianças de 36 meses de idade. Rev. Psico (Porto Alegre).v. 49. n.4. p. 375-383. 2018.

  • Bruna Ferrari Rodrigues França
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