DEFICIÊNCIA E PRIVAÇÃO CULTURAL: EFEITOS NA FORMAÇÃO DOS SUJEITOS
O direito público subjetivo à educação no Brasil encontra respaldo no plano
formal, mas enfrenta limites quanto à sua incorporação nas práticas sociais
escolares. Barreiras arquitetônicas, comunicacionais e atitudinais causam prejuízos
em relação ao acesso e permanência, com apropriação dos vários saberes escolares,
por parte do coletivo dos sujeitos em situação de deficiência. Nesse contexto de
transição do modelo escolar excludente para o modelo escolar includente, a análise
da dimensão subjetiva da educação, especificamente, das barreiras atitudinais,
assume posição preocupante, e justifica a pesquisa acerca das concepções e
práticas docentes sobre deficiência. A concepção de deficiência como privação
cultural ou causalidade da falta tem sido apontada como recorrente nas práticas
escolares, especialmente, porque fundamentam ações pedagógicas excludentes
com tais sujeitos atualizando as relações sociais da nossa sociedade classificatória.
Analisando as perspectivas teóricas de autores como Patto (1999a; 1999b),
Longman (2002), Mota Rocha (2002), Charlot (2000), Poulin (2010), Adorno (1986),
Kramer (1999), Arroyo (2008), Goffman (1988); Veras (2007) e Figueiredo (2002)
vemos que os estudos relacionados à temática assinalam que o olhar para a
deficiência enquanto privação cultural, resultante de causas intra e extra-escolares,
se fundamenta na normalização, classificação, estigmatização, desumanização e
desqualificação social desses sujeitos. Aponta ainda para a gravidade de suas
consequências como a naturalização dos processos sociais que negam aos sujeitos
em situação de deficiência a sua condição de direito, e a atualização de suas
identidades inferiorizadas porque considerados população descartável do sistema.
DEFICIÊNCIA E PRIVAÇÃO CULTURAL: EFEITOS NA FORMAÇÃO DOS SUJEITOS
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DOI: Atena
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Palavras-chave: Deficiência, Privação, Concepção, Implicações.
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Keywords: Disability, Deprivation, Conception, Implications.
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Abstract:
The subjective public right to education is found positive in the Brazilian
legal system, but still finds limits as to its incorporation into school social practices.
Architectural, communicational and, above all, attitudinal barriers cause damage to
individuals with disabilities regarding access and permanence in school, with the
appropriation of school knowledge. In this context of transition from the exclusive
school model to the inclusive school model, the analysis of the subjective dimension
of education assumes a relevant position, which justifies the purpose of the research
to investigate the teaching conceptions of disability as cultural deprivation, especially
because they base pedagogical actions. This analysis was done based the theoretical
perspectives of authors such as Patto (1999a; 1999b), Longman (2002), Mota
Rocha (2002), Charlot (2000), Poulin (2010), Adorno (1986), Kramer (1999), Arroyo
(2008), Veras (2007) e Figueiredo (2002). The studies related to the theme show
that the understanding of disability as cultural deprivation produces classifying and
exclusionary pedagogies is the result of intra and extracurricular causes, and is based
on the normalization, classification, stigmatization, dehumanization and social
disqualification of these subjects.The research also shows the seriousness of the
consequences of this conception, for example, the updating of their inferiorized
identities because they are considered a disposable population of the system, and
the naturalization of social processes that deny these subjects in a disability situation
to their right condition.
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Número de páginas: 15
- LAÍS VENÂNCIO DE MELO