Este trabalho tem como objetivo central
apresentar as principais revisões conceituais
que a Psicologia Junguiana e pós-junguiana tem
realizado a partir dos debates vindos do campo
dos Estudos de Gênero, e também apontar
um levantamento sobre algumas imagens
arquetípicas ligadas à androginia e hibridismos
estéticos de gênero e sexualidade como formas
de enfrentamento do complexo cultural da
LGBTfobia e como possibilidades de uma livre
expressão religiosa do grupo LGBTQIA+ nos
círculos sagrados masculinos e femininos, parte
dos quais, conforme indicaremos na pesquisa,
até então têm reforçado os binarismos de
gênero, não dando espaço às pessoas não
binárias.
Para tal tarefa, realizamos uma
interlocução entre as teorias pós-junguianas,
os estudos de gênero e as teorias decoloniais,
e dividimos o texto em algumas etapas: 1)
discussão introdutória sobre decolonialidade
epistemológica; 2) revisão dos conceitos de
animus e anima e apresentação da perspectiva
de psique andrógina; 3) breve análise do papel
dos arquétipos da persona e da sombra diante
das construções identitárias LGBTQIA+; 4)
apresentação do conceito de complexo cultural,
relacionando-o com a LGBTfobia; 5) discussão
da LGBTfobia nos círculos sagrados de homens
e mulheres e apresentação do conceito de
sagrado não binário; 6) articulação do conceito
de sagrado não binário e da proposta de psique
andrógina; e 7) apresentação de imagens
arquetípicas de referências não binárias,
intersexo, e não tradicionais de gênero e
sexualidade.