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“CURANDEIRAS... ERAM TUDO NEGRAS. NEGRAS! VIRGEM NOSSA SENHORA”: crenças e conflitos culturais nas encruzilhadas da cura. Santo Antonio de Jesus. Recôncavo Sul. Bahia (1940-1980)

Este artigo tem como objetivo analisar aspectos relativos às práticas de cura ancestrais oficiadas por curandeiros, benzedeiras, raizeiros, rezadeiras, parteiras, videntes, dentre outros aqui denominados de curandeiras e curandeiros, no município de Santo Antônio de Jesus, situado na região Sul do Recôncavo da Bahia. Interessa compreender as diversas práticas de cura como sobrevivências de tradições resultantes do imbricamento cultural de variados saberes, sobretudo aqueles oriundos das populações negras. Entretanto, apesar de sua importância, vai ser possível identificar que em pleno século XX muitas práticas curativas e sagradas oficiadas por curandeiros/as, foram alvos de ideias e discursos demoníacos e depreciativos. Tais discursos originalmente, foram disseminados no processo de colonização da América e, posteriormente, da África pelos europeus. No Brasil, por exemplo, as práticas culturais ancestrais de origens africanas, comumente eram categorizadas pelo cristianismo católico como práticas atrasadas, selvagens, incultas, pagãs, consequentemente diabólicas. Nesse texto, discuto, especificamente, como os medos, estereótipos, preconceitos e visões racistas sobre as concepções e práticas de cura exercidas pelos curandeiros e curandeiras do Recôncavo do século XX, foram transferidos para o imaginário coletivo associado às práticas nefastas e tenebrosas – a tal da “magia negra”, difundida pelo mundo cristão e ocidental. Contudo, observar-se-á que se muitas práticas sagradas e de saúde principalmente aquelas realizadas por negros e negras, forma consideradas eficazes, deve-se levar em conta o conhecimento e a sabedoria dos/as curandeiros/as uma vez que muitos fiéis eram curados e orientados, não pela “magia negra”, e sim pela força sagrada da negra magia.
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“CURANDEIRAS... ERAM TUDO NEGRAS. NEGRAS! VIRGEM NOSSA SENHORA”: crenças e conflitos culturais nas encruzilhadas da cura. Santo Antonio de Jesus. Recôncavo Sul. Bahia (1940-1980)

  • DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.3462407085

  • Palavras-chave: Curandeiras/os; Recôncavo; Crenças; Conflitos culturais; Práticas ancestrais.

  • Keywords: Healers; Recôncavo; Beliefs; Cultural conflicts; Ancestral practices.

  • Abstract: This article aims to analyze aspects related to ancestral healing practices carried out by healers, healers, healers, prayer healers, midwives, psychics, among others here called healers and healers, in the municipality of Santo Antônio de Jesus, located in the southern region of Recôncavo from Bahia. It is interesting to understand the different healing practices as survivals of traditions resulting from the cultural overlap of varied knowledge, especially that originating from black populations. However, despite its importance, it will be possible to identify that in the 20th century, many healing and sacred practices performed by healers were targets of demonic and derogatory ideas and speeches. Such discourses were originally disseminated in the process of colonization of America and, later, Africa by Europeans. In Brazil, for example, ancestral cultural practices of African origins were commonly categorized by Catholic Christianity as backward, savage, uncultured, pagan, and consequently diabolical practices. In this text, I discuss, specifically, how the fears, stereotypes, prejudices and racist views about the conceptions and healing practices exercised by healers and healers of Recôncavo in the 20th century, were transferred to the collective imagination associated with harmful and dark practices – such as of “black magic”, spread throughout the Christian and Western world. However, it will be observed that if many sacred and health practices, especially those carried out by black men and women, are considered effective, the knowledge and wisdom of healers must be taken into account since many believers were healed and guided, not by “black magic”, but by the sacred force of black magic.

  • DENILSON LESSA DOS SANTOS
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