Crise Psicossocial: uma proposta de ampliação do conceito de crise em Saúde Mental
As transformações no modelo
assistencial em Saúde Mental sugerem a
inclusão dos movimentos territoriais e suas
singularidades no arcabouço das práticas
desenvolvidas no campo da atenção psicossocial
que sugere ações inovadoras de ampliação
conceitual e tecnológica. Ao considerar esta
perspectiva, é necessário assumir a amplitude
da atenção às situações de crise em Saúde
Mental, tomando-as como objeto do trabalho de
amplos setores que observem o seu potencial
transformador e considerem dimensões éticas,
políticas e clínicas nas intervenções em torno
do seu manejo. Destacamos o desafio de
revolucionar a psicopatologia a partir deste
novo lugar, diferente, que se constitui com o
surgimento de serviços que vivem o território
e estabelecem práticas que habitualmente
levam em consideração a integralidade do
cuidado imprimindo a partir de intervenções
multiprofissionais, que dialogam entre si,
articulações interdisciplinares que ampliam
a observação da determinação social do
processo de construção do sofrimento. Esta
perspectiva ampliada possibilita manejos mais
efetivos nas complexas situações de crise,
manejos estes que levam em consideração
os percursos singulares e seus territórios
existenciais. Por estas razões, apoiadas
nos construtos políticos, legais e teóricos da
Reforma Psiquiátrica Brasileira, na articulação
entre clínica e política, e na necessidade de
transformação das realidades que operam na
construção e/ou intensificação do sofrimento
social, considerando a necessária articulação
de distintos setores para a efetivação da atenção
psicossocial, a existência de uma hegemonia
de pensamento do modelo biomédico no campo
da saúde, numa perspectiva de linearidade
da relação causa-efeito entre substância e
comportamento e leitura dos sintomas a partir
de uma abordagem impessoal e invariável,
além da marginalização das interpretações
subjetivas e do não recurso a uma ancoragem
sociocultural dos processos de adoecimento,
sugerimos uma ampliação do conceito de crise
em Saúde Mental, apresentando o conceito de
Crise Psicossocial.
Crise Psicossocial: uma proposta de ampliação do conceito de crise em Saúde Mental
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DOI: 10.22533/at.ed.9691903098
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Palavras-chave: Reforma Psiquiátrica; Atenção Psicossocial; Crise
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Keywords: Psychiatric Reform; Psychosocial Care; Crisis
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Abstract:
The transformations in the care model in Mental Health suggest the
inclusion of territorially based clinical movements and their singularities in the framework
of practices developed in the field of psychosocial care, that suggests innovative actions
of conceptual and technological expansion. In considering this perspective, the breadth
of the attention to crisis situations in Mental Health must be undertaken, regarding
them as the object of work of large sectors that regard their transforming potential and
consider ethical, political and clinical dimensions in the interventions concerning their
management. We highlight the challenge of revolutionizing psychopathology from the
standpoint of this new, different place, which is constituted by the emergence of services
that experience the territory and establish practices that usually take into consideration
the integrality of care. As a consequence of multi-professional interventions that
dialogue among each other, interdisciplinary articulations that amplify the observance
of the social determination of the construction of suffering are effected. This extended
perspective allows for more effective management in complex crisis situations,
which take into account life courses in their uniqueness and within their existential
territories. For these reasons, based on the political, legal and theoretical constructs
of the Brazilian Psychiatric Reform, on the articulation between clinical practice and
politics, and on the need to transform the realities that operate in the construction and/
or intensification of social suffering; considering the necessary articulation of different
sectors for the effectiveness of psychosocial care; considering the existence of the
hegemony of the biomedical model of thought in the field of health, in a perspective
of linearity of the cause-effect relationship between substance and behavior and in
reading the symptoms from an impersonal and invariable approach, in addition to
the marginalization of subjective interpretations and the absence of a resort to the
sociocultural anchoring of the processes of illness, we suggest an expansion of the
concept of crisis in Mental Health, presenting the concept of Psychosocial Crisis.
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Número de páginas: 15
- Priscila Coimbra Rocha
- Mônica de Oliveira Nunes de Torrenté
- Alessandra Gracioso Tranquilli
- Gustavo Emanuel Cerqueira Menezes Junior