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capa do ebook COZINHAS DE ESCRAVOS: COMIDA, SABORES E TRABALHO NO BRASIL.

COZINHAS DE ESCRAVOS: COMIDA, SABORES E TRABALHO NO BRASIL.

A história da escravidão brasileira vai além do trabalho forçado e do sofrimento. A nova historiografia sobre o tema informa sobre a resistência, negociações e o apelo à justiça na luta pela liberdade. Um dos aspectos que emergem do cotidiano dos cativos trata de sua alimentação. Tendo por base a farinha de mandioca, à qual se acrescentava o feijão, a alimentação dos escravos era muitas vezes precária, não nutrindo eficazmente para o trabalho pesado. Diminuir ou cortar a ração de alimentos constituía, entre outros, um dos castigos infligidos pelos senhores para punir seus escravos. Este trabalho tem por objetivo considerar aspectos gerais da alimentação escrava em diferentes momentos e lugares do Brasil, buscando na bibliografia informações dispersas sobre o passadio escravo. Alimentar a escravaria era uma preocupação dos senhores, pelo custo e por desviar terras e trabalhadores da lavoura de exportação. Muitos fazendeiros entregavam aos cativos lotes para que cultivassem alimentos, nos quais também criavam animais. Isso possibilitou uma alimentação mais diversificada e a venda de excedentes. Se a mandioca, feijão e o milho predominavam nas cuias dos escravos, em lugares como Salvador e Rio de Janeiro eles dispunham até mesmo de comida de rua, podendo apreciar os sabores da África. Vendedoras de angu estavam em toda parte com suas panelas fumegando. Sentia-se ali o aroma penetrante do dendê e o sabor picante da malagueta. Peixe e camarão davam sustança ao angu dos escravos da estiva. Este trabalho discute um tema pouco abordado, mas presente na cultura alimentar brasileira.

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COZINHAS DE ESCRAVOS: COMIDA, SABORES E TRABALHO NO BRASIL.

  • DOI: 10.22533/at.ed.05921190318

  • Palavras-chave: história e cultura da alimentação; escravidão; trabalho

  • Keywords: food history and culture; slavery; labor

  • Abstract:

    The history of Brazilian slavery goes beyond forced labor and suffering. The new historiography on the subject informs about resistance, negotiations and the call for justice in the fight for freedom. One of the aspects that emerge from the daily life of the captives is their food. Based on manioc flour, to which beans were added, the slaves' diet was often precarious, not effectively nourishing for heavy work. Reducing or cutting food rations was, among others, one of the punishments inflicted by the masters to punish their slaves. This work aims to consider general aspects of slave feeding at different times and places in Brazil, searching in the bibliography for scattered information about slave food. Feeding slavery was a concern of the masters, for the cost and for diverting land and workers from export crops. Many farmers gave captives lots to grow food, on which they also raised animals. This enabled a more diversified diet and the sale of surpluses. If manioc, beans and corn predominated in the slaves' bowls, in places like Salvador and Rio de Janeiro they even had street food, being able to enjoy the flavors of Africa. The women selling angu were everywhere with their pots steaming. There was the penetrating aroma of palm oil and the spicy flavor of the chilli. Fish and shrimp supplied substance to the food of the stowage slaves. This article discusses a theme that has been little discussed, but present in the Brazilian food culture.

  • Número de páginas: 14

  • Lorena da Conceição Querino Muchinski
  • Valter Martins
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