Covid-19 e Romaria do Muquém: Implicações e Inovações
O objetivo da Comunicação é entender e apreender a relação entre COVID19 e Religião Popular, especificamente numa manifestação concreta, a Romaria do Muquém. No desenvolvimento da Comunicação perguntamos: quais as implicações e inovações que a pandemia do COVID-19 causou à romaria, e de que maneira os romeiros responderam à pandemia e à romaria. A romaria acontece a cada ano no Estado de Goiás, município de Niquelândia, entre os dias 05 a 15 de agosto. Os romeiros se deslocam de diversas regiões do Brasil, especialmente do Centro Oeste, e constroem na área do Santuário, durante o período da festa, uma cidade temporária que abriga cerca de quinhentas mil pessoas. Num espaço geográfico denso de fé e devoção, existe também um complexo campo simbólico, onde se manifestam tradições, crenças e representações populares. A pandemia viral mudou drasticamente esta manifestação religiosa popular. Na verdade, a pandemia mudou drasticamente as maneiras como nos comunicamos, como realizamos nosso trabalho, como convivemos socialmente, como vemos o próprio mundo e também como praticamos a religião. Entre as sérias mudanças e implicações que a COVID-19 trouxe à religião popular podemos elencar: interrupções das práticas religiosas externas, suspensão das romarias e peregrinações em santuários e lugares sagrados do mundo todo, fechamento dos lugares de culto e acompanhamento dos rituais religiosos pelos meios de comunicação e pela Internet. No caso de Muquém a romaria não aconteceu de modo presencial e inaugurou uma forma virtual inédita. O patógeno interrompeu a romaria pela primeira vez em seus 272 anos de existência, deixando o Santuário fechado e barreiras sanitárias e policiais instaladas nas estradas que dão acesso ao Muquém. Diante do contexto pandêmico complexo e inseguro, dirigentes do Santuário optaram por um novo desenho de romaria, chamada de “romaria em casa”, e utilizaram ferramentas tecnológicas e rede de transmissão por Web TV, transmitindo os ritos, práticas religiosas, motivações e mensagens aos romeiros e romeiras no Brasil e àqueles residentes no exterior. Houve um acompanhamento diário e numericamente relevante, o que fez levantar a questão de que trata este artigo: que sentido e densidade tem uma romaria virtual para os romeiros do Muquém? Nossa hipótese é que romeiros deram sentido à sua participação virtual por meio de experiências religiosas também inéditas, pelas quais expressaram necessidades, pedidos e expectativas, reafirmaram sua ligação com a romaria e recompuseram sua identidade (religiosa)
Covid-19 e Romaria do Muquém: Implicações e Inovações
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DOI: 10.22533/at.ed.5952108125
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Palavras-chave: COVID-19. Romaria Muquém; Religião Digital; Identidade
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Keywords: COVID-19: Pilgrimage Muquém; Digital Religion; Identity
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Abstract:
The purpose of Communication is to understand and apprehend the relationship between COVID 19 and Religion Popular, specifically in a concrete manifestation, the Romaria do Muquém. At the Development of Communication we ask: what are the implications and innovations that The COVID-19 pandemic caused the pilgrimage, and how the pilgrims responded to the pandemic and the pilgrimage. The pilgrimage takes place every year in the State of Goiás, municipality of Niquelândia, from the 5th to the 15th of August. The pilgrims move from different regions of the Brazil, especially in the Midwest, and build in the Sanctuary area, during the period of Festa, a temporary city that houses about five hundred thousand people. in a space dense geographic of faith and devotion, there is also a complex symbolic field, where they manifest popular traditions, beliefs and representations. The viral pandemic has changed drastically this popular religious manifestation. In fact, the pandemic has changed. dramatically the ways we communicate, how we do our work, ho we live socially, as we see the world itself and also as we practice religion. Among the serious changes and implications that COVID-19 brought to popular religion we can list: interruptions of external religious practices, suspension of pilgrimages and pilgrimages in shrines and holy places around the world, closing of places of worship and monitoring of religious rituals by the media and the Internet. In case of Muquém, the pilgrimage did not take place in person and inaugurated an unprecedented virtual form. The pathogen interrupted the pilgrimage for the first time in its 272 years of existence, leaving the closed sanctuary and sanitary and police barriers installed on the roads that give access to the
Muquém. Faced with the complex and insecure pandemic context, Sanctuary leaders chose by a new design of pilgrimage, called "home pilgrimage", and used tools technologies and Web TV transmission network, broadcasting the rites, religious practices, motivations and messages to pilgrims in Brazil and to those residing abroad. There was daily and numerically relevant monitoring, which raised the issue what this article is about: what meaning and density does a virtual pilgrimage have for pilgrims of the Muquem? Our hypothesis is that pilgrims gave meaning to their virtual participation through
also unprecedented religious experiences, through which they expressed needs, requests and expectations, reaffirmed its connection with the pilgrimage and recomposed its (religious) identity. -
Número de páginas: 8
- Alberto da Silva Moreira
- Aldemir Franzin
