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capa do ebook COSMOPERCEPÇÕES SOBRE AS SERPENTES

COSMOPERCEPÇÕES SOBRE AS SERPENTES

A cultura engloba vários aspectos, como a epistemologia, ações, saberes, valores, crenças, visão de mundo e a espiritualidade de um determinado grupo social, que são fundamentais para a interação com o ambiente, de forma a moldar as atitudes e relações que são construídas com a natureza e, consequentemente, as implicações para a conservação da mesma. Neste capítulo procuramos destacar a partir do conceito da cosmopercepção, termo mais amplo que a cosmovisão, que utiliza a cultura, os valores, a organização social, a língua e o sagrado, para compreender como os indivíduos e sociedades percebem e representam as serpentes. O simbolismo animal que envolve as serpentes pode carregar valorizações tanto negativas quanto positivas, existindo uma polivalência semântica complexa relacionada a estes animais com expressiva diversidade de significados e simbolismos. As serpentes podem estar ligadas aos símbolos teriomórficos, quando a forma do animal é associada a algum aspecto extremamente negativo em construções fantasiosas (relacionando com algo de natureza demoníaca do ser humano) e diairéticos, que representam muitas vezes uma luta espiritual do bem e do mal, que são retratadas em iconografias através de medalhas de santos ou obras de arte, como foi observada na época colonial, por ocasião da luta travada entre o Cristianismo e as sociedades ameríndias, ditas pagãs. Porém, observamos o uso das serpentes em símbolos ligados a elementos cíclicos, como renovação, fecundidade, a exemplo do Ouroboros. A percepção do veneno, que materializa a consciência mítica sobre a lógica da vida e da morte, pode ser ao mesmo tempo a cura e o fim, e por isso vem sendo utilizado por comunidades tradicionais para o tratamento de enfermidades. Isso exposto, fica evidente a complexidade da cosmopercepção no que se refere às serpentes.

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COSMOPERCEPÇÕES SOBRE AS SERPENTES

  • DOI: 10.22533/at.ed.3532218023

  • Palavras-chave: Etnoherpetologia. Percepção. Representação. Simbolismo. Imaginário.

  • Keywords: Ethnoherpetology. Perception. Representation. Symbolism. Imaginary.

  • Abstract:

    Culture encompasses several aspects, such as the epistemology, actions, knowledge, values, beliefs, worldview and spirituality of a particular social group, which are fundamental for the interaction with the environment, in order to shape the attitudes and relationships that are built with nature and, consequently, the implications for its conservation. In this chapter, we seek to highlight the concept of cosmoperception, a broader term than worldview, which uses culture, values, social organization, language and the sacred, to understand how individuals and societies perceive and represent snakes. The animal symbolism involving snakes can carry both negative and positive valuations, with a complex semantic polyvalence related to these animals with an expressive diversity of meanings and symbolisms. Snakes can be linked to theriomorphic symbols, when the animal’s shape is associated with some extremely negative aspect in fanciful constructions (relating to something of the demonic nature of human beings) and diairetics, which often represent a spiritual struggle of good and evil , which are portrayed in iconographies through saints' medals or works of art, as observed in colonial times, during the struggle between Christianity and the so-called pagan Amerindian societies. However, we observe the use of snakes in symbols linked to cyclical elements, such as renewal, fecundity, such as Ouroboros. The perception of poison, which materializes the mythical awareness of the logic of life and death, can be both the cure and the end, and that is why it has been used by traditional communities to treat illnesses. This exposed, the complexity of cosmoperception with regard to snakes is evident.

  • Número de páginas: 14

  • Eraldo Medeiros Costa Neto
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