Partindo dos pressupostos dos

estudos queer e dos estudos de gênero, que

reverberam o desejo de desconstruir a linguagem

para que outros corpos e vivências caibam no

caráter humano de sujeito, o presente artigo

inscreve-se na tentativa de investigar o processo

de construção das identidades de mulheres

travestis e transexuais, protagonistas dos

contos “Nascer é muito cumprido”, “Existir é

dar um jeito” e “O corpo está de mudança”, que

fazem parte da obra A história incompleta de

Brenda e de outras mulheres (2016), do escritor

e jornalista pernambucano, Chico Ludermir.

Ao narrar histórias de onze mulheres trans e

travestis recifenses, a obra vislumbra-se em

uma potente “poética do resto”, baseadas nas

memórias e dores de corpos atravessados pelo

discurso – corpos transitórios e “encarnados”

pela atividade literária, em sua capacidade

de dar sentido aos amúltiplos “resíduos de

experiências fraturadas pela violência do

vivido”.