Construção da Posição do Governo Brasileiro referente à Plataforma de Ação de Pequim: primórdios e atualidade
No ano de 1995 ocorreu, em
Pequim, a IV Conferência Mundial sobre as
Mulheres, reunindo 17.000 participantes e
30.000 ativistas para debater não somente a
situação da mulher no nível internacional, mas
também sobre o que poderia ser feito para
alcançar a igualdade de gênero (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2004). O resultado da Conferência
foi a Plataforma de Ação de Pequim, marco
internacional para a promoção da igualdade
de gênero e empoderamento da mulher.
Apesar da cultura conversadora e sexista
identificada em indivíduos em altos cargos
do governo (BRASIL, 2014), a posição do
governo brasileiro nesta Conferência pode ser
considerada progressista. Uma das possíveis
explicações para a posição é o movimento
feminista brasileiro, considerado como um
dos mais diversificados, influentes e melhor
organizado da América Latina (STERNBACH et
al. 1992 apud SARDENBERG, 2015). Por meio
do método de process-tracing este artigo busca
explorar a relação de poder entre representantes
estatais e entes não estatais ao responder
a seguinte pergunta: como foi construída a
posição do governo brasileiro referente à
Plataforma de Pequim, para a IV Conferência
Mundial sobre as Mulheres em 1995 e para a
última revisão em 2015? Para tal será utilizada
a literatura de relações transnacionais, focando
no grau de influência que movimentos sociais
podem exercer sob o processo de tomada de
decisão dos Estados, utilizando os três fatores
conjugados de Busby (2010): custos, valores e
atores críticos
Construção da Posição do Governo Brasileiro referente à Plataforma de Ação de Pequim: primórdios e atualidade
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DOI: 10.22533/at.ed.52019170125
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Palavras-chave: Plataforma de Ação de Pequim. Decision-making process. Governo brasileiro.
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Keywords: Beijing Platform for Action. Decision-making process. Brazilian government.
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Abstract:
In 1995, the Fourth World
Conference on Women in Beijing brought
together 17,000 participants and 30,000 activists
to discuss not only the situation of women at the
international level but also what could be done
to achieve gender equality (ONU MULHERES,
2016). The Conference outcome was the
Beijing Platform for Action, an international
framework for the promotion of gender equality
and empowerment of women. Despite the
conservative and sexist culture present in
individuals in senior government positions
(BRASIL, 2014), the Brazilian government
position at this Conference can be considered
progressive. One of the possible explanations
for this is the Brazilian feminist movement, considered one of the most diversified, influential and best organized in Latin America
(STERNBACH et al., 1992 apud SARDENBERG, 2015). This article explores the power
relationship between state representatives and non-state entities using the processtracing method. This article seeks to answer how the Brazilian government’s position
regarding the Beijing Platform for the IV World Conference on Women in 1995, and for
last revision in 2015, was constructed. For this purpose, the literature on transnational
relations will be used, focusing on the degree of influence that social movements can
exercise on the decision-making process of the states using the three factors proposed
by Busby (2010): costs, values, and gatekeepers.
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Número de páginas: 15
- Ana Luci Paz Lopes