COMUNIDADE QUILOMBOLA CONTENTE: TRAÇOS DA MEMÓRIA
As comunidades quilombolas
caracterizam-se por possuírem sua história
pautada na fuga dos maus-tratos lançados
pelos senhores. Os quilombos são espaços que
serviam como refúgio dos escravos fugidios.
No estado do Piauí, atualmente, existem 88
comunidades certificadas. Destas, 06 estão
localizadas no município de Paulistana, dentre
elas a Comunidade Contente. Este trabalho
objetiva conhecer a história dessa comunidade,
através da análise dos relatos mnemônicos de
seus habitantes. O método utilizado foi o da
pesquisa etnográfica, a partir da observação
participante e análise qualitativa de entrevistas
realizadas com lideranças da comunidade.
Conforme as narrativas dos entrevistados, o
surgimento da comunidade deu-se através da
doação de terras a um escravo chamado Elias.
Este, ao receber a terra do seu senhor, casouse com uma índia e foram morar no local. Uma
casa foi construída à sombra de um umbuzeiro.
Quanto ao nome da comunidade, relata-se que
foi dado pelo próprio Elias que, ao ganhar a
terra a denominou Contente, expressando,
assim, seu sentimento. Atualmente a
comunidade possui 166 habitantes distribuídos
por 47 famílias. A subsistência dos moradores
são agricultura e pecuária. As principais
manifestações culturais são as festas religiosas,
como a de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro,
celebrada no mês de Junho. Trata-se de uma
festa que vem sendo perpetuada ao longo da
sua história. Após realização da pesquisa em
Contente, concluiu-se que as fontes históricas
escritas sobre a comunidade são escassas,
existindo apenas o relatório sócio antropológico
da comunidade. Não obstante, a oralidade
revela que essa comunidade possui uma rica
memória relacionada ao passado de homens
e mulheres negros que hoje reivindicam uma
identidade quilombola, por reconheceremse como descendentes dos negros africanos
escravizados.
COMUNIDADE QUILOMBOLA CONTENTE: TRAÇOS DA MEMÓRIA
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DOI: 10.22533/at.ed.9261905022
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Palavras-chave: Comunidade quilombola, história , memória, cultura
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Keywords: Quilombola community, history and culture.
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Abstract:
The quilombola communities are
characterized by having their history guided by
the escape from the mistreatment endeavored by their slave masters. The quilombos
are spaces which served as a safe haven for fleeing slave. In the state of Piauí,
currently, there are 88 certified communities. Of those, 06 are located in the city of
Paulistana, among them, the Contente community. This paper aims to obtain knowledge
about the history of this community, by means of analysis of the mnemonic reports
of its inhabitants. The method endeavored was the ethnographic research, through
participant observation and qualitative analysis of the interviews with leaders of the
community. According to the narratives of the interviewees, the rise of the community
took place after the donation of lands to a slave called Elias. Who, after receiving the
land from his slave master, married a native woman and went to live there. A house
was built under the shadow of an umbu tree. As for the name of the community, it’s told
that it was given by Elias himself who, after receiving the land, named it Contente (glad)
to express his sentiment. Nowadays, the community has 166 inhabitants distributed
in 47 families. The subsistence of the residents is given through agriculture and cattle
raising. The main cultural manifestations are religious celebrations, like the celebration
of Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Madonna of the perpetual help), celebrated in
the month of June. It’s a celebration which has been perpetuated throughout the whole
history of the community. After the conduction fo the research in Contente, it’s concluded
that the historical sources written about the community are scarce, existing only for
socioanthropological report of the community. Nevertheless, the oral tradition reveals
that this community has a rich memory related to the black men and women that today
claim their identity as quilombolas, for they recognize themselves as descendents of
the black africans who were enslaved.
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Número de páginas: 15
- Francisca das Chagas da Silva Alves
- Maria Jorge dos Santos Leite