Pessoas e comidas migram. Em

uma região de fronteira esses fenômenos

se ressignificam e podem alcançar outras

dimensões e percepções. Objetiva-se neste

trabalho, discutir alimentação e migração a partir

da Feirinha da JK em Foz do Iguaçu - cidade

fronteiriça na região entre Brasil, Paraguai e

Argentina. A Feirinha mais antiga da cidade

é palco de um rico entroncamento em que

inúmeras etnias se encontram e desencontram

do lado de lá e do lado de cá das bancas.

Verifica-se bancas de migrantes vendendo suas

próprias comidas, com marcações identitárias

bem estabelecidas. Bancas de chineses, árabes,

japoneses, taiwaneses, pernambucanos,

mineiros e gaúchos atendem a uma demanda

de clientes de suas próprias etnias e de outras

que circulam pela Feira como paraguaios,

argentinos, além de turistas estrangeiros e

nacionais e os próprios moradores da cidade.

A imagem multiétnica da cidade encontra nesta

feira um cenário particular, entre sabores,

aromas, texturas e linguagens. O procedimento

metodológico adotado neste trabalho é a

análise desta Feira como espaço de migrantes

e comidas, e de comidas migrantes, além de

revisão bibliográfica. Discutir alimentação e

migração não se trata apenas de analisar o

alimento em si, mas as relações simbólicas e de

poder que envolvem as escolhas alimentares,

seja por resistência identitária, seja como

forma de adaptação à nova realidade, podendo

a alimentação ser peça fundamental de

identificação dos migrantes relativo às suas

origens e a disposição na negociação com a

nova cultura. Comidas velhas e comidas novas

se entrelaçam em um universo particular de

territórios velhos e territórios novos, onde o

cotidiano se torna exceção e a exceção se torna

cotidiana. Espera-se com este estudo fomentar

a feira, este espaço do cotidiano, como um local

de confluência de fenômenos sociais como a

alimentação e a migração.