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capa do ebook COMÉRCIO, CONHECIMENTO E CULTURA: as sociedades centro-africanas no início do século XX a partir dos testemunhos de Frederick Starr

COMÉRCIO, CONHECIMENTO E CULTURA: as sociedades centro-africanas no início do século XX a partir dos testemunhos de Frederick Starr

Esta pesquisa buscou compreender as relações comerciais estabelecidas entre as sociedades centro-africanas e a expedição de Frederick Starr ao Estado Independente do Congo nos anos de 1905 e 1906, utilizando como fontes os diários de campo e a coleção etnográfica legados por esse professor da Universidade de Chicago. Para a realização desse objetivo, fez-se necessária a leitura crítica da documentação que se atentou para a identificação e análise das relações estabelecidas entre a expedição e as sociedades locais. Adotou-se uma perspectiva metodológica preocupada com a experiência histórica das populações centro-africanas, que norteia vários trabalhos historiográficos brasileiros inspirados na obra do historiador britânico E. P. Thompson. O recorte escolhido para o presente estudo compreendeu os territórios da cidade de Ndombe e da aldeia de Chicoma, organizações sociais fundadas longe de seus centros culturais originários: os reinos kuba e luba. Por serem grupos culturais mais interiorizados no continente do que os Bateke (que viviam próximo de Leopoldville) e por não terem participado ativamente do comércio atlântico de escravos, os Kuba e os Luba, segundo nossa hipótese, tiveram contato rarefeito com os ocidentais. Não tinham estabelecida entre si a forma-dinheiro, adotando, nas relações comerciais com a expedição de Starr, estratégias típicas da chamada “forma de valor simples”, isto é, a troca de mercadorias por mercadorias e não de mercadorias pelo equivalente universal dinheiro. Nossa hipótese é que, diferentemente dos Bateke que, provavelmente, já tinham a forma-dinheiro estabelecida entre si; os Kuba e os Luba encaravam o dinheiro como apenas mais uma mercadoria. Portanto, ele deixou de ser um equivalente universal para ser apenas uma peça metálica introduzida pelos ocidentais na região.

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COMÉRCIO, CONHECIMENTO E CULTURA: as sociedades centro-africanas no início do século XX a partir dos testemunhos de Frederick Starr

  • DOI: 10.22533/at.ed.54120010711

  • Palavras-chave: África Central; Estado Independente do Congo; Bakuba; Baluba; Frederick Starr.

  • Keywords: Central Africa; Congo Free State; Bakuba; Baluba; Frederick Starr.

  • Abstract:

    This research aims to analyze the commercial relations established between Central African societies and Frederick Starr’s expedition to Congo Free State in 1905 and 1906. The main sources used were Starr’s field notes and the ethnographic collection that was collected there. The critical reading of documentation focused on the identification and the analysis of the relations that was established between the expedition and African societies. We adopted a methodological perspective capable of looking at Central African societies’ historical experience. This perspective guides several Brazilian historiographical works that were inspired by E. P. Thompson’s books. The geographic areas addressed were Ndombe’s town and Chicoma’s village. These social organizations were away from their cultural centers of origin, i.e., Kuba and Luba kingdoms. Bakuba and Baluba did not participate actively in the Trans-Atlantic Slave Trade, for this reason, the people from these places had a reduced contact with the Western men. These Central African societies did not have the money form established, so they adopted the “elementary form of value” when they sold their artifacts to Frederick Starr’s expedition. The people from Ndombe’s town and Chicoma’s village used some typical strategies from this specific form of value by e.g. to barter commodities. Our hypothesis is that the money was considered another commodity by Bakuba and Baluba people. When they sold their artifacts for money, they did not bargain the prices. For this reason, we found lower prices in these societies than the prices in Bateke villages. Bateke people were an important supplier of slaves for Brazil, so their contacts with the Western traders may have changed their society. Our conclusion is there was a great difference between Central African societies near to Leopoldville and the societies away from there. This difference concerns the forms of value established in these distinct cultural groups.

  • Número de páginas: 15

  • Paulo Roberto Firmino Marques
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