Cacau, cravo e as drogas do sertão: O governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado e a criação da Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão
A criação da Companhia Geral
do Grão-Pará e Maranhão, em 1755, fez
parte de uma série de medidas adotadas
pelo governo português na figura do seu
mais famoso secretário, Sebastião José de
Carvalho e Melo, o futuro Marquês de Pombal.
Entretanto, a historiografia destaca para a
formação de tal companhia monopolista o
papel fundamental do governador do Estado
do Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier
de Mendonça Furtado, irmão de Sebastião
José. Mendonça Furtado usando da tópica do
estado de penúria e pobreza dos moradores
da colônia em suas correspondências trocadas
tanto com seu irmão, quanto com outros
agentes da Metrópole, buscava convencer a
administração real da necessidade da criação
de uma companhia monopolista de comércio
que se encarregasse de promover a introdução
de escravizados africanos, haja visto existir um
intenso debate na colônia acerca da liberdade
dos indígenas envolvendo diversos agentes
coloniais. O governador buscava então com a
criação dessa companhia fomentar a agricultura
local, levando assim a um comércio vigoroso.
Porém, percebemos perspectivas diferentes
em relação a esse fomento da agricultura ao
longo dos anos do governo de Mendonça
Furtado. Inicialmente apontava que desejava
incrementar a cultura de alguns gêneros, como
açúcar, tabaco, arroz e algodão, deixando em
segundo plano os gêneros locais, conhecidos
como “drogas do sertão”. Entretanto, em
correspondências enviadas logo após a criação
da empresa monopolista, Mendonça Furtado
revela atenção com a possibilidade do aumento
da produção desses gêneros locais, como
cacau, café, cravo fino e grosso, salsaparrilha
e anil, produtos que já desde a primeira metade
do século XVIII já eram negociados em Lisboa.
Fica perceptível, portanto, o caráter oscilante
das correspondências de Mendonça Furtado
quanto aos gêneros que deveriam responder
diretamente a partir do incremento da mão
de obra cativa africana após a criação da
Companhia Geral.
Cacau, cravo e as drogas do sertão: O governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado e a criação da Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão
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DOI: 10.22533/at.ed.0232011023
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Palavras-chave: Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão; Mendonça Furtado; “drogas do sertão”; cacau
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Keywords: General Company of Grão-Pará and Maranhão; Mendonça Furtado; “backwoods drugs”; cocoa
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Abstract:
The creation of the General Company of Grão-Pará and Maranhão, in
1755, was part of a series of measures adopted by the Portuguese government in the
figure of its most famous secretary, Sebastião José de Carvalho e Melo, the future
Marquis of Pombal. However, historiography highlights for the formation of such a
monopoly company the fundamental role of the governor of the State of Grão-Pará
and Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, brother of Sebastião José.
Mendonça Furtado using the topic of the state of penury and poverty of the colony in
its correspondence exchanged with both its brother and other agents of the Metropolis,
sought to convince the royal administration of the necessity of the creation of a
monopolistic trading company that would promote the introduction of African slaves,
since there was intense debate. in the colony about indigenous freedom involving
various colonial agents. The governor then sought with the creation of this company to
foster local agriculture, thus leading to vigorous trade. However, we perceive different
perspectives regarding this promotion of agriculture over the years of Mendonça
Furtado’s government. He initially pointed out that he wanted to increase the culture of
some genres, such as sugar, tobacco, rice and cotton, leaving the local genres known
as “sertão drugs” in the background. However, in correspondence sent shortly after
the creation of the monopoly company, Mendonça Furtado reveals attention to the
possibility of increasing the production of these local genres, such as cocoa, coffee,
fine and coarse cloves, sarsaparilla and indigo, products that since the first half of
eighteenth century years were already negotiated in Lisbon. Therefore, the oscillating
character of Mendonça Furtado’s correspondences regarding the genres that should
respond directly from the increase in African captive labor after the creation of the
General Company is noticeable.
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Número de páginas: 18
- Osimar da Silva Barros
- FREDERIK LUIZI ANDRADE DE MATOS