Nas danças tradicionais brasileiras,

podemos constatar várias ocasiões em que

a participação feminina tem sido restrita a

algumas situações. Nestes casos, tem ficado a

cargo de homens desempenharem tal função e,

em ambientes sexistas, será comum encontrar

“homens travestidos de mulher para dançar”

dentro da cultura popular. O objetivo deste estudo

foi identificar razões pelas quais as mulheres

têm sua presença diminuída ou anulada nestas

manifestações. Como metodologia, foi realizado

um levantamento bibliográfico a respeito de

brincadeiras populares sejam com a temática

gênero ou não. Foram analisados trabalhos

sobre a Dança dos Mascarados, Poconé – MT;

Cambindas, Lucena e Taperóa – PB; Maracatu

rural e Cavalo-Marinho, Zona da Mata Norte

– PE; Bumba-meu-boi, Maranhão; Maracatu,

CE; Maracatu Nação – PE; e Dança de São

Gonçalo do Amarante – SE. Nestes estudos,

encontrei as argumentações que justificam

os homens se “(trans-) vestirem” para dançar.

Constatei exemplos de danças tradicionais

brasileiras, categorizando-as em cinco grupos

principais: as brincadeiras para ‘cabra-macho’,

as brincadeiras para “corpos imorais”, as

brincadeiras de força e vigor, as brincadeiras

para “corpos puros” e as brincadeiras de fazerse

rir. Aspectos importantes foram constatados

na pesquisa. Primeiro, as falas as justificativas

para diminuição ou anulação da presença

feminina parte sempre de um local de fala e

de pontos de vista dos próprios brincadores

homens, o que reforça a dominação masculina

dentro das manifestações da cultura popular.

Além disso, um homem travestido pode ratificar

uma violência simbólica e criar contra a mulher

uma imagem pejorativa e caricaturada de

feminino.