No Brasil, os índices de letalidade de adolescentes aumentaram vertiginosamente na última década. No estado do Ceará, há uma articulação entre a sociedade civil organizada e o Poder Público que, desde 2016, investiga as mortes violentas contra adolescentes, produzindo semestralmente o Relatório Cada Vida Importa. O relatório objetiva servir de referencial no desenvolvimento de prevenções acerca das mortes violentas de adolescentes. Faz-se importante problematizar quais são as questões relacionadas a essas mortes de populações cada vez mais novas, incluindo outras interseccionalidades. Partindo de reflexões acerca da noção de direito à vida, problematizada com o conceito de direito de morte de Michel Foucault, propõe-se a seguinte pergunta de pesquisa: como o direito de morte é exercido contra a população de adolescentes com base no “relatório Cada Vida Importa de 2019.2”? Trata-se de um artigo científico de natureza qualitativa, com abordagem exploratória, do tipo de pesquisa bibliográfica, com análise indutiva. O corpus de pesquisa se constitui centralmente no Relatório Cada Vida Importa de 2019.2. Por fim, chegou-se à conclusão de que o direito de morte é exercido especialmente sobre as populações de adolescentes do sexo masculino, que habitam as periferias das grandes cidades, por meio da violência policial e da ausência estatal. De outra forma, indica-se que o perfil de adolescentes que sofrem mortes violentas está mudando, no mínimo no que diz respeito ao gênero das vítimas, pois mais adolescentes do gênero feminino têm sido vítimas de mortes por crimes violentos.