Destacamos como principal fonte

documental deste trabalho memórias de

mulheres maranhenses que tiveram a sua

escolarização associadas à abandonar o

lar de nascimento e se aventuraram pelo

desconhecido, desafiando até mesmo aquilo

que era considerado ‘bom costume’ em suas

famílias, as mulheres entrevistas para este

trabalho viveram a experiência da mudança e

luta pela escolarização entre as décadas de

1950 a 1960 e para preservar suas identidades

serão identificadas por nomes fictícios. O

objetivo principal das entrevistas é identificar

nas histórias de vida as dificuldades para

conseguir dar continuidade à escolarização

formal, buscando as relações de poder

existentes no universo acadêmico e também

em toda a trajetória de vida, tendo como pano

de fundo principal as experiências voltadas

com a educação e instrução formal. Este

trabalho implica também em observar como os

discursos destas mulheres foram organizados

e produzidos, por elas e por outras pessoas ao

seu redor, atentando para como elas lançam a

fala sobre si mesmas para uma pesquisadora

até então desconhecida, pois esta formulação

discursiva também nos informa sobre suas

vivências. Para tanto utilizaremos como suporte

metodológico a história de vida, entendendo

que se trata de um método qualitativo de

pesquisa em uma relação mais aprofundada

com pequena quantidade de pessoas. Por meio

da entrevista se persegue dupla estratégia,

o autoconhecimento ligado ao saber ser e

o conhecimento amplo ligado ao saber e o

ato de contar-se é fruto de olhar para si e

identificar momentos de mudanças, transições

e permanências.