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capa do ebook Aproximações fenomenológicas à ilusão de onipotência de Winnicott

Aproximações fenomenológicas à ilusão de onipotência de Winnicott

O presente estudo examina como alguns aspectos da fenomenologia de Heidegger, especialmente a analítica existencial em noções como abertura (Erschlossenheit), ser-no-mundo (In-der-Welt-sein) e seus desdobramentos, podem auxiliar no esclarecimento da concepção winnicottiana de constituição do indivíduo. Com isso, de modo geral e partindo de uma posição heideggeriana, visa-se estimar os ganhos teóricos dessa interface fenomenológico-psicanalítica para uma teoria da formação do indivíduo. De modo específico, como recorte para este artigo, será analisado o conceito de ilusão de onipotência, em Winnicott, descrito como central no desenvolvimento humano na fase de dependência absoluta de um bebê aos cuidadores. Segundo Winnicott, essa experiência de ilusão é parte essencial da constituição de um indivíduo, pois nela se enraíza a capacidade de significar e se relacionar com a realidade. Winnicott tentou fornecer uma compreensão mais fundamental para esse fenômeno, o qual ele percebia na clínica, da formação saudável ou patológica de indivíduos – embora não pretendesse formular uma ontologia. Heidegger não pretendeu uma antropologia filosófica ou fundamentar a psicologia, contudo sua abordagem fenomenológica fornece elementos para pensar ontologicamente essas áreas. Ambas as abordagens possuem pontos de tensão talvez irreconciliáveis, tanto por almejarem questões completamente distintas, quanto pelos pressupostos não partilhados. Entretanto, traçar esses paralelos pode lançar luz sobre aspectos truncados da teoria winnicottiana de formação do indivíduo, assim como reavaliar o alcance e as limitações da analítica existencial heideggeriana. Algumas aproximações serão oferecidas, evidenciando alguns pontos de tensão entre ambas perspectivas, tais como: as dificuldades de tratar dos objetivos clínicos (de âmbito ôntico), em Winnicott, a partir da abordagem de Heidegger (âmbito ontológico); a tensão entre os pressupostos de Winnicott acerca da natureza humana e o esvaziamento dessa noção tradicional na fenomenologia de Heidegger; a tensão gerada ao se tomar conceitos específicos dentro de perspectivas sistemáticas e distintas que não são trivialmente aproximáveis.

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Aproximações fenomenológicas à ilusão de onipotência de Winnicott

  • DOI: 10.22533/at.ed.3452123113

  • Palavras-chave: Ilusão de onipotência. Realidade. Analítica Existencial. Winnicott. Heidegger.

  • Keywords: Illusion of omnipotence. Reality. Existential Analytics. Winnicott. Heidegger.

  • Abstract:

    This study examines how some aspects of Heidegger's phenomenology, especially existential analytics in notions such as openness (Erschlossenheit), being-in-the-world (In-der-Welt-sein) and its consequences, can help to clarify the Winnicottian conception of constitution of the individual. With that, in general and starting from a Heideggerian position, the aim is to estimate the theoretical gains of this phenomenological-psychoanalytic interface for a theory of the formation of the individual. Specifically, as an outline for this article, Winnicott's concept of illusion of omnipotence will be analyzed, described as central to human development in the phase of absolute dependence of a baby on caregivers. According to Winnicott, this experience of illusion is an essential part of the constitution of an individual, as the capacity to signify and relate to reality is rooted in it. Winnicott tried to provide a more fundamental understanding of this phenomenon, which he perceived in the clinic, of the healthy or pathological formation of individuals – although he did not intend to formulate an ontology. Heidegger did not intend a philosophical anthropology or a foundation for psychology, however his phenomenological approach provides elements for thinking about these areas ontologically. Both approaches have perhaps irreconcilable points of tension, both because they aim at completely different issues and because of unshared assumptions. However, drawing these parallels can shed light on truncated aspects of the Winnicottian theory of individual formation, as well as reassess the scope and limitations of Heidegger's existential analytics. Some approximations will be offered, showing some points of tension between both perspectives, such as: the difficulties of dealing with clinical objectives (ontic scope), in Winnicott, from Heidegger's approach (ontological scope); the tension between Winnicott's assumptions about human nature and the emptying of this traditional notion in Heidegger; the tension generated by taking specific concepts within systematic and distinct perspectives that are not trivially approachable.

  • Número de páginas: 15

  • Cristian Marques
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