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App's de relacionamento: análise do discurso de solidão no público transgênero

Partindo da perspectiva que o tempo presente acelerou a modernidade, diluindo as metanarrativas e as certezas, procuramos investigar o discurso da solidão nos sites de relacionamentos, com foco no público transgênero. Ao falarmos em solidão, os discursos são os mesmos do passado? Estariam adentrando numa solidão cotidiana? Houve, em algum momento, garantia do contrário? Ou ainda, por que a falta, constitutiva do sujeito e motor do desejo, amplia-se na atualidade, como fonte de angústia e sofrimento, tão corrente no discurso sobre a solidão?  Ao optarmos pelos aplicativos, consideramos tal mídia como lócus de cristalização de discursos contemporâneos (re)produzidos como doxa de autossuficiência devido à noção de pertença das redes sociais e de liberdade de escolha. Porém, como doxa, esses postulados vigoram por se autoproclamarem. Assim, em aparente contraste com o ideal de um sujeito autofundado, a possibilidade de conexão entre pessoas de diferentes culturas e lugares, sob as perspectivas de espaço e tempo não similares, potencializa opções, constituindo uma espécie de ‘tirania da escolha’ cujo ‘objeto a ser consumido’ é, nesse caso, o parceiro ideal. Por sua vez, o universo transgênero, marginalizado no princípio, e que hoje experimenta, na letra da lei, um maior reconhecimento de sua identidade como construção  a partir do polimorfismo da sexualidade, das modalidades de gozo e das intervenções culturais , redefine a noção de gênero para si e para a sociedade.  Elegemos três sites de relacionamento: Tinder; POF e Adote um Cara, realizando levantamento de perfis, bate-papos e entrevistas ao longo de dois anos: de junho de 2014 a junho de 2016. Os resultados apresentam a existência de discursos de solidão, concomitante aos discursos sobre o estar solitário  sem uma companhia ou intencionalmente solitário –, por estar bem resolvido consigo mesmo.

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App's de relacionamento: análise do discurso de solidão no público transgênero

  • DOI: 10.22533/at.ed.1592330083

  • Palavras-chave: Modernidade; Análise de discursos; Solidão; Sites de Relacionamento; Transgênero

  • Keywords: Modernity; Discourse Analysis; Loneliness; Relationship app’s; Transgender.

  • Abstract:

    Starting from the perspective that the present time has accelerated modernity, diluting metanarratives and certainties, we seek to investigate the discourse of loneliness on dating sites, focusing on the transgender public. When we talk about loneliness, are the speeches the same as in the past? Would they be entering a daily solitude? Was there ever a guarantee to the contrary? Or yet, why does the lack, constitutive of the subject and the engine of desire, expand today, as a source of anguish and suffering, so current in the discourse on loneliness? By opting for apps, we consider such media as a locus of crystallization of contemporary discourses (re)produced as a doxa of self-sufficiency due to the notion of belonging to social networks and freedom of choice. However, as a doxa, these postulates are in force because they are self-proclaimed. Thus, in apparent contrast to the ideal of a self-founded subject, the possibility of connection between people from different cultures and places, from perspectives of dissimilar space and time, enhances options, constituting a kind of ‘tyranny of choice’ whose ‘object to be consumed’ is, in this case, the ideal partner. In turn, the transgender universe, marginalized in the beginning, and which today experiences, in the letter of the law, a greater recognition of its identity as a construction – based on the polymorphism of sexuality, the modalities of enjoyment and cultural interventions –, redefines the notion of gender for themselves and for society. We chose three dating sites: Tinder; POF and Adote um Cara, conducting profile surveys, chats and interviews over two years: from June 2014 to June 2016. The results show the existence of discourses of loneliness, concomitant with discourses about being lonely – without a company or intentionally solitary –, for being well resolved with himself.

  • Giovanni Codeça da Silva
  • Luciana Ribeiro Marques
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