O gênero Staphylococcus aureus é classificado como uma bactéria gram-positiva de grande relevância clínica, devido à sua capacidade de causar prejuízos homeostáticos ao hospedeiro, quando identificada em focos infecciosos. Além de ser encontrado colonizando a microbiota natural da pele e mucosas, esse patógeno pode tornar-se oportunista, principalmente quando relacionado a infecções no ambiente hospitalar, porém, com a alteração da resistência antimicrobiana, o perfil de colonização estendeu-se para indivíduos saudáveis em ambiente extra-hospitalar. A importância clínica em âmbito hospitalar está relacionada aos isolados classificados como Methicillin-sensitive S. aureus (MSSA), mas com prioridade aos Methicillin-resistant S. aureus. O presente estudo teve como objetivo, analisar a sensibilidade a antimicrobianos de isolados de S. aureus, realizadas no Hospital Universitário/UEL, no período de 2010 a 2023. Trata-se de uma pesquisa retrospectiva. As amostras de S. aureus foram isoladas de sangue, urina, líquidos cavitários, pele e partes moles, aspirado traqueal e secreção purulentas. A identificação e a sensibilidade a antimicrobianos foram determinadas previamente pelo Sistema Automatizado Vitek2® (bioMerieux). Os dados foram obtidos do sistema informatizado do Hospital. Foram classificados como MRSA os isolados resistentes a oxacilina e como MSSA, os sensíveis. Para facilitar a avaliação dos perfis de resistência, foi padronizado internamente no laboratório que, de acordo com a quantidade e os tipos de antimicrobianos resistentes, as amostras de MRSA foram categorizadas em tipos de antibiograma (antibiotipos) de A a G, assim, foi chamado de Antibiotipo A os isolados de S. aureus resistentes a todos os oito antimicrobianos testados (oxacilina (OX), penicilina (PEN), eritromicina (E), clindamicina (CLI), ciprofloxacina (CIP), gentamicina (GN), sulfametoxazol-trimetoprim (SXT) e rifampicina (RIF). Como antibiotipo B os isolados a resistentes a sete antimicrobianos (OX, PEN, E, CLI, CIP, GN e SXT), mas sensíveis a um (RIF); como Antibiotipo C os resistentes a seis tipos (OX, PN, E, CLI, CIP e GN) e sensíveis a dois (SXT e RIF); como Antibiotipo D os resistentes a cinco tipos (OX, PN, E, CLI e CIP) e sensíveis a três (GN, SXT e RIF); como Antibiotipo E os resistentes a quatro tipos de antimicrobianos (OX, PN, E, CLI) e sensíveis a outros quatro (CIP, GN, SXT e RIF); como Antibiotipo E os resistentes a três tipos (OX, PN e E) e sensíveis a cinco (Cli, CIP, GN, SXT e RIF) e como Antibiotipo G os resistentes apenas a dois (OX e PN), e sensíveis aos demais antimicrobianos. Foram analisadas 4.448 amostras de S. aureus e, destes, e 2.752 (61,8%) como MSSA e 1.696 (38,2%) foram classificados como MRSA. A frequência de MSSA variou de 162 (55,7%) em 2010 a 327 (69,2%) em 2023. Dentre os MRSA verificou-se que 960 (71,6%) foram categorizados como antibiotipo D, 142 (10,6%) como antibiotipo G e 125 (9,3%) como C, 90 (6,7%) como A, 32 (2,4%) como B. A frequência do antibiotipo D variou de 25,3% em 2010 a 84,2% em 2023. Avaliando-se a resistência de S. aureus ao longo dos anos verificou-se que MSSA foi mais frequente que MRSA e que esta diferença aumentou ao longo do tempo. O antibiotipo D foi o mais frequente em todo período. Os antibiotipos A, B e C, os quais possuem alta resistência, tiveram um declínio.