Actinomicose cerebral: questionamentos diante de uma evolução clínica de 10 anos
Actinomicose é uma infecção
bacteriana rara e que pode acometer o sistema
nervoso central. Neste sítio, apresentase habitualmente em forma de abscessos.
O tratamento padrão é antibioticoterapia
intravenosa por algumas semanas
(preferencialmente penicilina G) seguida de
antimicrobiano oral durante meses, havendo
intervenção cirúrgica a depender do caso.
CAS, masculino, 28 anos, iniciou quadro de
cefaleia em 2008. Dois anos depois, teve
crise convulsiva tônico-clônica generalizada.
Novas crises passaram a ocorrer em torno
de 2 vezes por mês. O exame neurológico
evidenciava hemiparesia à esquerda. Realizou
uma ressonância nuclear magnética em 2011,
que mostrou espessamento ósseo parietal e
em paquimeninge adjacente, além de efeito de
massa sobre o parênquima encefálico. Biópsia
e imunohistoquímica mostraram achados
consistentes com meningite por Actinomyces.
Fez uso de penicilina G cristalina por 5 meses.
As queixas se mantiveram e uma biópsia em
2014 novamente evidenciou a infecção. Fez uso
de rifampicina 300 mg 12/12h por 2 anos e meio
e ceftriaxona 2 g 12/12h por 2 anos, período no
qual esteve assintomático. A cefaleia retornou
em 2017 e iniciou uso de amoxicilina 1 g 8/8h por
6 meses; em junho de 2018, voltou a apresentar
crises convulsivas, sendo internado. Nesta
internação, decidiu-se pelo uso de ceftriaxona 2
g 12/12h e vancomicina 1,5 g 12/12h por 90 dias.
Discute-se o fato de o paciente apresentar um
padrão de acometimento cerebral divergente
do habitual, a dificuldade de identificação da
origem da infecção e o cenário de sucessivas
propostas terapêuticas sem resolução do
quadro até a atualidade.
Actinomicose cerebral: questionamentos diante de uma evolução clínica de 10 anos
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DOI: 10.22533/at.ed.99219180332
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Palavras-chave: Actinomicose. Crises convulsivas. Cefaleia.
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Keywords: Actinomycosis. Seizures. Headache
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Abstract:
Actinomycosis is a rare bacterial infection that can affect the central
nervous system usually in the form of abscesses. The standard treatment is
intravascular antibiotic therapy for a few weeks (preferably penicillin G) followed by
oral antimicrobial for months; surgical intervention is analyzed case by case. CAS,
male, 28 years old, started a headache in 2008. Two years later, he had a generalized
tonic-clonic convulsive crisis. Then, new seizures occurred around 2 times a month.
Neurological examination showed left hemiparesis. He had a magnetic resonance
imaging in 2011, which exhibits parietal and paquimeninge thickening, in addition
to mass effect on the brain parenchyma. Biopsy and immunohistochemistry were
consistent with Actinomyces meningitis. He took crystalline penicillin G for 5 months.
Complaints continued and new biopsy in 2014 evidenced the same infection again.
He used rifampicin 300 mg 12/12h for 2 ½ years and ceftriaxone 2 g 12/12h for 2
years. In this period, the paciente remained asymptomatic. Headache returned in 2017
and he started the use of amoxicillin 1 g 8/8h for 6 months. In June 2018, seizures
returned and he was hospitalized. During this hospitalization, ceftriaxone 2 g 12/12h
and vancomycin 1,5 g 12/12h for 90 days were chosen. Is discussed the fact that the
pacient presented an unusual type of brain damage, the difficulty in identifying the
origin of the infection and the scenario of successive therapeutic perspectives with no
resolution of the clinical picture.
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Número de páginas: 15
- Nathalie Serejo Silveira Costa
- Nathália Luísa Carlos Ferreira
- Iza Maria Fraga Lobo
- Angela Maria da Silva
- Vinícius Fernando Alves Carvalho