Abordagem sistémica das famílias ciganas - Cultura como determinante de saúde
Os ciganos, embora estejam presentes em Portugal aproximadamente desde o século XV, têm sido ao longo dos tempos um povo pouco compreendido. O modo como as famílias ciganas vivem os processos de saúde e de doença constitui um desafio para os profissionais. Esperam que os serviços de saúde respeitem as suas crenças, valores, atitudes e práticas de saúde. Serviços e profissionais culturalmente competentes são ingredientes para aumentar a sua satisfação. Este capítulo tem como objetivos: descrever aspetos socioculturais das famílias ciganas que influenciam a saúde; contribuir para uma abordagem sistémica das famílias ciganas, respeitando a sua identidade cultural.
Para concretizar os objetivos foi estruturada uma apreciação baseada num modelo de abordagem sistémica. Realizou-se uma revisão narrativa sobre os elementos culturais organizadores das famílias ciganas, de modo a responder à questão: Quais são as características socioculturais das famílias ciganas que influenciam as práticas de saúde? A estrutura básica carateriza-se por famílias alargadas, numerosas e a sua formação ocorre em idades jovens. Nas linhas de resistência tendem a preservar os valores e as tradições. Na linha normal de defesa as tarefas quotidianas estão ligadas aos papéis de género, sendo o poder e liderança de estilo patriarcal. Os papeis de gestão doméstica e cuidador são desempenhados pelas mulheres. Negligenciam a socialização das crianças através da escolarização, sendo mais reduzida a instrução nas mulheres. Na linha flexível de defesa tendem a evitar o divorcio. No intra e inter sistema falam Romanó ou Caló, que funciona como linguagem secreta. O Neuman Sistems Model orienta para a abordagem das famílias centrada em cinco variáveis: fisiológica, psicológica, desenvolvimento, espiritual e sociocultural, sendo a última um elemento facilitador da compreensão das atitudes e práticas de saúde destas famílias. Perceber e aceitar estas caraterísticas culturais permite aos profissionais de saúde uma abordagem colaborativa e prestar cuidados culturalmente competentes.
Abordagem sistémica das famílias ciganas - Cultura como determinante de saúde
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DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.72622260826
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Palavras-chave: Características culturais; Etnicidade; Famílias; Roma; Profissional de saúde
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Keywords: Características culturais; Etnicidade; Famílias; Roma; Profissional de saúde
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Abstract:
Gypsies, present in Portugal approximately since the 15th century, have been a little understood people over time. The way Roma families experience health and illness processes is a challenge for Health Personnel. They expect that health services respect their beliefs, values, attitudes, and health practices. Services and professionals culturally competent are factors that increase satisfaction. This chapter aims: to describe sociocultural aspects of Gypsy families that influence health; contribute to a systemic approach to Gypsy families, respecting their cultural identity. To achieve the objectives, it was organized an assessment based on the systemic approach model. It was carried out a narrative review about the cultural elements organizing of Roma families to answer the question: What are the Roma families’ sociocultural characteristics that influence health practices? The basic structure is characterized by extended and numerous families and their formation happen at young ages. In the lines of resistance tend to preserve values and traditions. In the normal line of defense, everyday tasks are linked to gender roles, with power and leadership being of patriarchal style. Women perform the roles of housekeepers and caregivers. They neglect the socialization of children through schooling, being the lowest education for women. In the flexible lines of defense tend to avoid divorce. In the intra and inter system they speak Romanó or Caló, which works as a secret language. The systems model by Neuman and Fawcett guides the approach of families focussed on five variables: physiological, psychological, developmental, spiritual, and sociocultural, being the last one the facilitating element in understanding the attitudes and health practices of these families. Perceive and accepting these cultural characteristics allows healthcare professionals to take a collaborative approach and provide culturally competent care.
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Número de páginas: 15
- Cristina Maria Rosa jeremias
- Maria de Fátima Moreira Rodrigues
