A toxicomania como efeito paradoxal do Discurso Capitalista
Há na literatura diferentes
termos para designar os sujeitos que fazem
consumo problemático de substâncias:
adictos, toxicômanos, dependentes químicos,
farmacodepentes, entre outros. No entanto,
esses termos parecem colocar o caráter
problemático exclusivamente na substância em
questão. Lembrando que o homem se relaciona
com as drogas há mais de mil anos, defendese aqui que o tóxico não é a droga, mas sim o
lugar que ela ocupa na relação de um sujeito
com outros. Essa dificuldade em encontrar
um termo que dê conta da complexa relação
entre sujeito/droga/outros parece representar
a dificuldade social de compreensão desse
fenômeno e de saber o que fazer com isso.
A exemplo tem-se a adoção de tentativas de
erradicar relações de uso em pontos específicos
do território, que parece ter efeitos opostos ao
esperado, com criação de novos pontos de
uso e manifestações de oposição do judiciário
e de serviços de saúde. Pensando nisto e em
discussões realizadas em um grupo de pesquisa
do Programa de Pós-Graduação em Psicologia
da UFU, propõe-se a reflexão sobre o quanto o
fenômeno da toxicomania é ao mesmo tempo
sintoma e efeito da atual política socioeconômica
vigente no país. O sujeito toxicômano atende
as demandas por um consumo insaciável, de
busca por independência e de liberdade dos
laços sociais. Mas se esse sujeito é efeito do
modo de funcionamento capitalista e neoliberal,
é um efeito paradoxal, já que escancara as
falhas da busca por independência e coloca-se
fora da lógica formal de produção proposta pela
estrutura econômica vigente.
A toxicomania como efeito paradoxal do Discurso Capitalista
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DOI: 10.22533/at.ed.1791819121
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Palavras-chave: Toxicomania; Discurso Capitalista; Psicanálise.
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Keywords: Drug addiction; Capitalist Discourse; Psychoanalysis.
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Abstract:
There are different terms
in literature to designate people that do a
problematic use of substances: addicts,
drug addicts, chemical dependents, drug
dependents, among others. However, these
terms seem to place the problematic character
exclusively on the substance. Reminding that man has been involved with drugs for
more than a thousand years, it is argued here that the toxic isn’t the drug, but the
place it occupies in human relationships. This difficulty to find a term that accounts the
complex relation between subject/drug/others seems to represent the social difficulty
of understand this phenomenon and to know what to do with it. One example is the
adoption of attempts to eradicate the use at specific points in territory, which have
opposite effects than expected, with creation of new points of use and opposition of
groups like judiciary and health services. Thinking about this and with discussions in a
research group of the Postgraduate Program in Psychology of UFU, it has proposed the
reflection on how much the drug addiction phenomenon is at the same time symptom
and effect of current socio-economic policy in force in Brazil. The drug addict meets
the demands of an insatiable consumption, of search for independence and freedom of
social relationships. However, if this subject is an effect of the capitalist and neoliberal
mode of functioning, it is a paradoxical effect, since it show the flaws of the search for
independence and places itself outside the formal logic of production proposed by the
current economic structure.
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Número de páginas: 15
- Luma de Oliveira
- João Luiz Leitão Paravidini