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capa do ebook A REGIÃO NO NORDESTE BRASILEIRO : DIALÓGOS COM GILBERTO FREYRE

A REGIÃO NO NORDESTE BRASILEIRO : DIALÓGOS COM GILBERTO FREYRE

 

O conceito de região no nordeste brasileiro detém uma construção singular em relação ao que foi refletido em outros locais, o que ajudou a caracterizar a especificidade e carga conceitual e cultural da Região Nordestina. O conceito de região sendo múltiplo e não exclusivo da ciência geográfica, se faz presente tanto em outras ciências como no próprio senso comum, ajudando a afirmar as identidades e tradições no entremeio da relação homem x meio (GOMES, 1995).  No Nordeste os conceitos de região e regionalização foram refletidos inicialmente em Pernambuco, sobretudo em Recife, com mais força através de um viés sociológico e antropológico, o viés de Gilberto Freyre. Segundo Andrade (2007), o já conhecido sociólogo pernambucano havia adquirido os conceitos de regionalismo e de tradicionalismo local a partir de uma temporada na Universidade de Columbia (Estados Unidos), influenciando-o a desenvolver no Recife, em 1924, o Centro Regionalista Pernambucano, sediado na casa do intelectual Odilon Nestor. É nesse contexto que realizou-se, dois anos depois (de 7 a 11 de fevereiro de 1926), no Recife, o Primeiro Congresso Regionalista do Nordeste, tendo como representante Gilberto Freyre, que já trazia na época conteúdos geográficos diversos, exaltação das particularidades da paisagem e da formação territorial. A partir desse panorama , o trabalho apresentado visa entender a visão freyriana de região contida nas obras Nordeste (1989) e Região e Tradição (1941) como esta visão veio a  modificar significativamente o paradigma de Região de um país , passando  assim a ter  o viés identitário, socioeconômica e cultural como elementos preponderante ao conceito de região, estes que exaltados por Freyre colocariam “a região como unidade última do espaço” e, mais do que isso, espaço fundante genético para análise de qualquer atividade humana (FREYRE,1947). Nesse trabalho discorreremos como o autor,  recoloca a região Nordeste no mapa identitário do  Brasil transformando o lócus de aridez  e insolação como caracteres singulares em termos paisagísticos com um berço cultural. As características  culturais são somadas num construto de novas regionalizações baseados em critérios socioeconômico e culturais, regionalizações essas que só viriam mais fortes no âmbito geográfico nacional entre 1940-1950, e que já eram defendida por Freyre no final dos anos 20 (CARDOSO,2013). Observa-se a contemporaneidade do autor que já tratava temas atuais da geografia como os processo de regionalização, entendo, como Haesbaert(2010) também entende, como fazendo  parte do processo de diferenciação espacial, pois, por meio de seu caráter de ação, esse processo tem a região como “produto-produtor” de um determinado lócus. Aprende-se então conclusivamente , que a máxima de Vainer (2001), o qual afirma que, a despeito dos que decretam o fim da questão regional, está na verdade persiste nos debates contemporâneos, demostrando sua vivacidade analítica e sua atuação política, tanto para as forças de conservação quanto para as de mudança (LEMOS, 2005). Recorrendo a história do pensamento observa-se que temas contemporâneos já vinham sendo discutidos no passado, e pelos resgates deste passado ajudar a explicar os temas regionais atuais.

 

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