A recepção e a reelaboração do conceito de planificação por Guerreiro Ramos (1945-1953)
O presente trabalho procura investigar aquilo que Villas Bôas (2006, p. 11) identificou como a “lógica que define a leitura, a apropriação e a reelaboração de idéias” das tradições de pensamento dos países centrais pelos intelectuais dos países periféricos, ou seja, este trabalho procura compreender o perfil da tradição brasileira de pensamento social a partir da maneira como esta se apropria das ideias disponíveis no mercado simbólico internacional. Nosso escopo de análise se restringe ao modo como a noção de planificação, formulada por Karl Mannheim no contexto do nazifascismo, foi lida e apropriada nos trabalhos escritos entre 1945 e 1953 pelo sociólogo brasileiro Alberto Guerreiro Ramos. Os resultados da pesquisa indicam que na obra de Mannheim o conceito de planificação indica uma forma de organização social e de pensamento alternativas ao fascismo e ao liberalismo. Deste modo, Mannheim vê a planificação como resultado da superação da sociedade liberal e da forma de pensamento que lhe corresponde (o pensamento formal, abstrato e técnico), em direção a uma sociedade mais interdependente onde deveria vigorar um pensamento histórico concreto (o pensamento planificado). Já na apropriação do conceito feita por Guerreiro Ramos, a planificação passou a corresponder a uma forma de ação e pensamento que procurava superar a situação colonial que ainda vigorava no Brasil e superar as heteronomias decorrentes do prestígio das ideias estrangeiras sobre a mente dos cientistas sociais brasileiros. Neste sentido, Ramos transformou o problema geral da planificação no problema específico de uma teoria pragmática, historicamente e socialmente localizada capaz de fomentar o desenvolvimento das nações periféricas.
A recepção e a reelaboração do conceito de planificação por Guerreiro Ramos (1945-1953)
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DOI: 10.22533/at.ed.4482101046
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Palavras-chave: Guerreiro Ramos. Karl Mannheim. Planificação.
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Keywords: Guerreiro Ramos. Karl Mannheim. Planning.
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Abstract:
The present work seeks to investigate what Villas Bôas (2006, p. 11) identified as the “logic that defines the reading, the appropriation and the re-elaboration of ideas” of the thinking traditions of the central countries by the intellectuals of the peripheral countries, that is, this work seeks to understand the profile of the Brazilian tradition of social thought from the way it appropriates the ideas available in the international symbolic market. Our scope of analysis is restricted to how the notion of planning, formulated by Karl Mannheim in the context of Nazifascism, was read and appropriated in the works written between 1945 and 1953 by the Brazilian sociologist Alberto Guerreiro Ramos. The results of the research indicate that in Mannheim’s work the concept of planning indicates a form of social organization and thought that is an alternative to fascism and liberalism. In this way, Mannheim sees planning as a result of overcoming liberal society and the corresponding form of thinking (formal, abstract, and technical thinking), towards a more interdependent society where concrete historical thinking should prevail (planned thinking ). Already in the appropriation of the concept made by Guerreiro Ramos, planning started to correspond to a form of action and thought that sought to overcome the colonial situation that still prevailed in Brazil and to overcome the heteronomy resulting from the prestige of foreign ideas on the minds of Brazilian social scientists. In this sense, Ramos transformed the general problem of planning into the specific problem of a pragmatic, historically, and socially located theory capable of fostering the development of peripheral nations.
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Número de páginas: 19
- Alan Caldas
