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A proeminência do conceito de cidadania sacrificial para o exame do neoliberalismo: do homo oeconomicus ao capital empresarial, nacional e pós-nacional

A presente reflexão teórica tem a finalidade de salientar a proeminência do conceito de cidadania sacrificial – elaborada pela cientista política estadunidense Wendy Brown – para o escrutínio crítico do neoliberalismo. Defende-se que Wendy Brown teve a habilidade de conjugar e, ao mesmo tempo, superar duas das tradições filosóficas que se atracaram na empreitada de examinar os efeitos deletérios do neoliberalismo: as filosofias marxistas e foucaultianas. O texto discorre sobre como Wendy Brown conseguiu identificar contribuições e insuficiências do (neo)marxismo e do Foucault nessa análise crítica da dominação neoliberal. Se, por um lado, o marxismo fitou sua análise nas instituições e corolários econômicos, negligenciando os efeitos de uma nova razão governamental e produção dos sujeitos (biopolítica), por outro lado, Foucault desconsiderou os inéditos poderes do capital global enquanto força histórica e social. Assim, o artigo faz uma breve incursão sobre o modo como essas tradições filosóficas compreenderam o neoliberalismo, para o fim de destacar a relevância do exame da Brown. Nessa finalidade, o presente trabalho destaca o conceito de cidadania sacrificial, que define o sujeito contemporâneo tanto como capital humano de si mesmo (concepção adjacente à ideia de homo oeconomicus, trabalhada por Foucault) quanto como capital humano para uma empresa, nação ou constelação pós-nacional (perspectiva próxima da reflexão marxista). O texto conclui que a crítica de Wendy Brown é imprescindível porque consegue discorrer sobre as relações controversas entre o capital individual e o capital macroestrutural e, sobretudo, porque denuncia o quanto o neoliberalismo dilacera hábitos e ações políticas baseadas em uma cidadania agonística, desdemocratizando a vida e a reduzindo ao jogo concorrencial de mercado.    
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A proeminência do conceito de cidadania sacrificial para o exame do neoliberalismo: do homo oeconomicus ao capital empresarial, nacional e pós-nacional

  • DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.3572428104

  • Palavras-chave: Neoliberalismo; Cidadania Sacrificial; Desdemocratização

  • Keywords: Neoliberalism; Sacrificial Citizenship; De-democratization

  • Abstract: The present theoretical reflection aims to highlight the prominence of the concept of sacrificial citizenship – elaborated by the american political scientist Wendy Brown – for the critical scrutiny of neoliberalism. It is argued that Wendy Brown had the ability to conjugate and, at the same time, overcome two of the philosophical traditions that stood in the enterprise of examining the deleterious effects of neoliberalism: marxist and foucaultian philosophies. The text discusses how Wendy Brown was able to identify the contributions and insufficiencies of (neo)Marxism and Foucault in this critical analysis of neoliberal domination. If, on the one hand, marxism focused its analysis on economic institutions and corollaries, neglecting the effects of a new governmental reason and the production of subjects (biopolitics), on the other hand, Foucault disregarded the unprecedented powers of global capital as a historical and social force. Thus, the article makes a brief incursion into the way in which these philosophical traditions understood neoliberalism, in order to highlight the relevance of Brown's examination. To this end, the present work highlights the concept of sacrificial citizenship, which defines the contemporary subject both as human capital of itself (a conception adjacent to the idea of homo oeconomicus, worked out by Foucault) and as human capital for a company, nation or post-national constellation (a perspective close to marxist reflection). The text concludes that Wendy Brown's critique is essential because it manages to discuss the controversial relations between individual capital and macrostructural capital and, above all, because it denounces how much neoliberalism lacerates habits and political actions based on an agonistic citizenship, dedemocratizing life and reducing it to the competitive game of the market.    

  • Bruno de Oliveira Cruz
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