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A POPULAÇÃO MESTIÇA E ASSIMILADA DE MOÇAMBIQUE: RESISTÊNCIA E RESIGNAÇÃO

A colonização do litoral leste do continente africano, por parte dos portugueses, foi iniciada entre os anos de 1497 e 1499, na primeira viagem de Vasco da Gama para a Índia. Os colonizadores portugueses que faziam parte da classe burguesa nunca tiveram grande interesse em relação à Moçambique, a relutância dos colonizadores europeus em se fixarem no interior do continente, e os índices altos de mortalidade, contribuíram para a inevitável miscigenação com os habitantes locais. Os altos funcionários da Coroa Portuguesa e os colonos portugueses menosprezavam as relações interraciais e a miscigenação. A colonização portuguesa efetiva era resumida na cidade costeira de Quelimane, coma efetiva ocupação das possessões portuguesas no continente, após a Conferência de Berlim (1884-1885), e, no século XX foram consolidados três grupos hierárquicos: os brancos, os indígenas (negros nativos) e os assimilados (mistos e negros que cumpriam os requisitos dos colonizadores). A política de assimilação passa a ser um ponto central dentro do aparelho ideológico da colonização portuguesa, mas ela servia como uma barreira de ascensão social dos negros e dos mestiços. O fato dos mestiços terem acesso aos estudos contribuiu para que elas se tornassem os principais expoentes da formação de um discurso voltado a singularidade nacional moçambicana, mas, elas eram vistas com desconfiança pelos negros, além da fronteira estabelecida pelos colonizadores. A população mestiça, apesar das acusações de colaboracionismo com os colonizadores portugueses, também sofria com o racismo daquele período e a aproximação com eles era uma forma de resistência, frente ao cenário que se apresentava para essa população.
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A POPULAÇÃO MESTIÇA E ASSIMILADA DE MOÇAMBIQUE: RESISTÊNCIA E RESIGNAÇÃO

  • DOI: 10.22533/at.ed.3852304092

  • Palavras-chave: Miscigenação; Moçambique; Resistência; Resignação.

  • Keywords: Miscegenation; Mozambique; Resistance; Resignation.

  • Abstract: Colonization of the east coast of the African continent by the Portuguese began between 1497 and 1499, on Vasco da Gama's first trip to India. The Portuguese colonizers who were part of the bourgeois class never had much interest in Mozambique, the reluctance of European colonizers to settle in the interior of the continent, and the high mortality rates, contributed to the inevitable miscegenation with the local inhabitants. High officials of the Portuguese Crown and Portuguese settlers despised interracial relations and miscegenation. Effective Portuguese colonization was summarized in the coastal city of Quelimane, with the effective occupation of Portuguese possessions on the continent, after the Berlin Conference (1884-1885), and, in the 20th century, three hierarchical groups were consolidated: the whites, the indigenous (blacks, natives) and the assimilados (mixed and black people who fulfilled the requirements of the colonizers). The assimilation policy became a central point within the ideological apparatus of Portuguese colonization, but it served as a barrier to the social ascension of blacks and mestizos. The fact that mestizos had access to studies contributed to their becoming the main exponents of the formation of a discourse focused on Mozambican national uniqueness, but they were viewed with distrust by blacks, beyond the border established by the colonizers. The mestizo population, despite accusations of collaboration with the Portuguese colonizers, also suffered from the racism of that period and approaching them was a form of resistance, given the scenario that was presented to this population.

  • Denis Moura Dos Santos
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