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A POLÍTICA DE SAÚDE ONCOLÓGICA NA CAPITAL FEDERAL: Uma Análise sobre o Itinerário Terapêutico de pacientes com câncer de mama em estágios avançados

A organização de redes de atenção à saúde apresenta-se como uma estratégia para o alcance da integralidade, favorecendo a superação da fragmentação da assistência, tendo como foco as necessidades dos usuários. O estudo de itinerários terapêuticos tem sido utilizado para compreender o modo como se organizam e funcionam as redes de atenção à saúde, investigando-as a partir das trajetórias de usuários na busca por cuidado. No Brasil e no Distrito Federal (DF), o câncer de mama é a neoplasia com maior incidência nas mulheres, excluindo-se o câncer de pele. Em 2021 foram estimados 66.280 novos casos de câncer de mama no Brasil, já no contexto do Distrito Federal de 730 novos casos. Dessa forma, tem sido observada uma prevalência maior que a esperada de estágios avançados de câncer de mama no serviço especializado do Hospital Universitário de Brasília. Nesta direção, a presente pesquisa, de natureza qualitativa, tem por objetivo investigar, por meio da estratégia metodológica do itinerário terapêutico, as principais dificuldades e obstáculos vivenciados por mulheres em estágios avançados da doença no Distrito Federal e entorno para obtenção de tratamento. Através do itinerário terapêutico procuramos identificar as práticas de autocuidado e os obstáculos enfrentados no fluxo da rede de atenção, a reconstituição dos itinerários envolverá a realização de entrevistas semiestruturadas e consulta aos prontuários das participantes. Como método de análise de dados foi utilizado a análise de conteúdo de Bardin. Foram recrutadas 22 pacientes e como resultados comparamos os intervalos de tempo com as médias nacionais, às do DF, e ao preconizado em regulamentações e literatura. O tempo médio para a primeira consulta especializada, conclusão diagnóstica e cirurgia foi superior à média nacional, chegando a ser até 2,5 vezes maior que o preconizado para o diagnóstico. As narrativas revelam as percepções e sentimentos vividos pelos longos períodos de espera, frequentes remarcações, erros diagnósticos, atrasos significativos em resultados de biópsia e marcação de cirurgias, bem como necessidade frequente de lançar mão de desembolso no setor privado para reduzir o tempo dos exames. Como principais facilidades, foram relatadas o suporte sociofamiliar e o acolhimento humanizado no serviço especializado. Dessa forma, pôde-se observar uma alta incidência de sentimentos de medo da morte, as angústias provocadas pelos tempos e prazos extensivos para o diagnóstico e tratamentos, o impacto do papel social da mulher em suas percepções e sentimentos na busca por cuidado.

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A POLÍTICA DE SAÚDE ONCOLÓGICA NA CAPITAL FEDERAL: Uma Análise sobre o Itinerário Terapêutico de pacientes com câncer de mama em estágios avançados

  • LIANA ZAYNETTE TORRES JUNQUEIRA
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