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A NOVA FRONTEIRA DIGITAL: GUERRA HÍBRIDA E O IMPACTO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA SOBERANIA DOS PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL

A geopolítica da América do Sul evoluiu a partir de uma tapeçaria de influências de civilizações indígenas a colonizações europeias, lutas pela independência e influência dos Estados Unidos, durante a guerra fria. Tosta (1984) examina como escritores das teorias geopolíticas clássicas como Friedrich Retzel, Alfred Maham e Halford Mackinder moldaram o desenvolvimento de suas nações a partir da perspectiva da geografia política e da geopolítica. No século XX, esta região do continente americano buscou maior integração e autonomia, mas enfrentou desafios econômicos e políticos, incluindo a interferência de potências externas. Já no século XXI, as dinâmicas territoriais e as disputas de poder no cenário internacional tornaram-se cada vez mais complexas e difusas, e sob o escrutínio da geopolítica moderna, com o auxílio das ferramentas fornecidas pela globalização, surgiram novas formas de exercer influência e controle sobre o espaço geográfico. A emergência do que Santos (2006) chama de Meio Técnico-Científico-Informacional fornece ferramentas que desempenham um papel central na dinâmica entre territórios e estados. São essas novas técnicas, sobretudo as relacionadas à informação, como a internet, que por meio das redes sociais, dentre outros, passaram a realinhar o curso da política e dos conflitos no mundo contemporâneo. Desse modo, "A Nova Fronteira Digital" não é mais, apenas uma metáfora para a revolução tecnológica que estamos testemunhando, mas simboliza as inéditas oportunidades e desafios que surgem neste horizonte. É nesse contexto que a geografia política e a geopolítica têm sido revigoradas como base para a compreensão da organização espacial nacional, regional e mundial. Segundo Wanderley Messias da Costa um dos papéis fundamentais da ciência geográfica é examinar e interpretar os modos de exercício do poder estatal na gestão dos negócios territoriais e a própria dimensão territorial das fontes e das manifestações do poder em geral” (COSTA, 2016, p. 17). No entanto, na contemporaneidade, não é fácil analisar as fontes que emanam as manifestações de poder, pois em um mundo multipolar e globalizado, essas manifestações, mesmo quando não efetivadas por governos ou forças armadas, podem ocorrer de forma a não seguir o padrão de violência convencional. Korybko (2018) aponta que com a ascensão das armas nucleares tornou-se premente a necessidade de meios indiretos de desestabilização, conflitos, guerras e ações entre Estados. Esse fenômeno de perturbação indireta, sistemática, não convencional está intimamente relacionado com a nova dinâmica da informação, chamada de guerra híbrida. Segundo Miguel Enrique Stédile “a guerra híbrida é um fenômeno que tem crescido globalmente e tem implicações específicas para a América do Sul, refletindo a complexidade geopolítica, histórica e socioeconômica desta região (STÉDILE, 2020, p. 81). Diferente das abordagens tradicionais de conflito, a guerra híbrida busca explorar as vulnerabilidades do adversário em diversos domínios sejam eles físicos, informativos, cognitivos e econômicos. De modo que, a guerra híbrida representa uma evolução na natureza do conflito, adaptando-se e capitalizando sobre o cenário digital contemporâneo, tornando-se uma ferramenta estratégica essencial na geopolítica do século XXI (KORYBKO. 2018). Por sua vez, a inteligência artificial (IA) emergiu como uma força revolucionária no cenário global, redefinindo poder e influência. Sua capacidade de processar informações rapidamente, aprender de forma autônoma e otimizar tarefas transformou economias, potencializou inovações e influenciou a geopolítica. Nesse contexto, a "Nova Fronteira Digital" destaca a convergência da geopolítica tradicional com a moderna guerra híbrida e inteligência artificial na América do Sul. No entanto, a inteligência artificial traz promessas de desenvolvimento, mas também riscos de dependência tecnológica e ameaças à soberania. Assim, a América do Sul se encontra em um ponto crucial, equilibrando as oportunidades da digitalização com a preservação de sua autonomia e integridade no cenário global.
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A NOVA FRONTEIRA DIGITAL: GUERRA HÍBRIDA E O IMPACTO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA SOBERANIA DOS PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL

  • DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.79624280310

  • Palavras-chave: Guerra Híbrida. Inteligência Artificial. Soberania

  • Keywords: Hybrid Warfare. Artificial Intelligence. Sovereignty.

  • Abstract: The geopolitical of South America has evolved from a tapestry of influences ranging from indigenous civilizations to European colonizations, struggles for independence, and the influence of the United States during the Cold War. Tosta (1984) examines how writers of classical geopolitical theories such as Friedrich Ratzel, Alfred Mahan, and Halford Mackinder shaped the development of their nations from the perspective of political geography and geopolitics. In the twentieth century, this region of the American continent sought greater integration and autonomy but faced economic and political challenges, including interference from external powers. In the twenty-first century, territorial dynamics and power struggles in the international arena have become increasingly complex and diffuse, under the scrutiny of modern geopolitics. With the aid of tools provided by globalization, new ways of exerting influence and control over geographical space have emerged. The emergence of what Santos (2006) calls the Technical-Scientific-Informational Environment provides tools that play a central role in the dynamics between territories and states. These new techniques, especially those related to information, such as the internet through social networks, among others, have realigned the course of politics and conflicts in the contemporary world. Thus, "The New Digital Frontier" is no longer just a metaphor for the technological revolution we are witnessing but symbolizes the unprecedented opportunities and challenges that arise on this horizon. It is in this context that political geography and geopolitics have been revitalized as the basis for understanding national, regional, and global spatial organization. According to Wanderley Messias da Costa, one of the fundamental roles of geographical science is to examine and interpret the ways in which state power is exercised in the management of territorial affairs and the territorial dimension of the sources and manifestations of power in general. However, in contemporary times, it is not easy to analyze the sources that emanate manifestations of power since in a multipolar and globalized world, these manifestations, even when not carried out by governments or armed forces, may occur in a way that does not follow the pattern of conventional violence. Korybko (2018) points out that with the rise of nuclear weapons, the need for indirect means of destabilization, conflicts, wars, and actions between States has become urgent. This phenomenon of indirect, systematic, unconventional disturbance is closely related to the new dynamics of information, called hybrid warfare. According to Miguel Enrique Stédile, "hybrid warfare is a phenomenon that has grown globally and has specific implications for South America, reflecting the geopolitical, historical, and socioeconomic complexity of this region." Unlike traditional conflict approaches, hybrid warfare seeks to exploit the vulnerabilities of the adversary in various domains, be they physical, informational, cognitive, or economic. Thus, hybrid warfare represents an evolution in the nature of conflict, adapting and capitalizing on the contemporary digital scenario, becoming an essential strategic tool in the geopolitics of the twenty-first century. In turn, artificial intelligence (AI) has emerged as a revolutionary force on the global stage, redefining power and influence. Its ability to process information quickly, learn autonomously, and optimize tasks has transformed economies, potentiated innovations, and influenced geopolitics. In this context, the "New Digital Frontier" highlights the convergence of traditional geopolitics with modern hybrid warfare and artificial intelligence in South America. However, artificial intelligence brings promises of development but also risks of technological dependence and threats to sovereignty. Thus, South America finds itself at a crucial point, balancing the opportunities of digitization with the preservation of its autonomy and integrity on the global stage.

  • ALECIA VIEIRA CAIXETA
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